Segundo os dados do boletim epidemiológico divulgados nesta quinta-feira (26), Minas Gerais registra 4383 novos casos de covid-19. Em ascensão nas últimas semanas, a quantidade de mineiros que contraíram a doença nas últimas 24 horas representa quase o dobro dos casos registrados exatamente a uma semana atrás, em 19 de maio.
Na capital mineira, a taxa de incidência da covid-19, para cada 100 mil habitantes, atingiu o índice de 41,6. O dado foi atualizado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) na última segunda-feira (23). No início do mês, no dia 2 de maio, o índice era de 28,3.
Apesar do aumento de casos, Fábio Baccheretti, secretário de Saúde de Minas Gerais, afirmou em coletiva de imprensa, realizada nesta quinta-feira (26), que a pandemia está “controlada” e que o estado não deverá passar por uma quarta onda da doença.
Unaí Tupinambás, médico infectologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que esse cenário era esperado. “Estamos no inverno, as pessoas se aglomeram em locais fechados e pouco ventilados, nossa mucosa fica mais ressecada, não tem mais obrigatoriedade de usar máscaras em locais fechados e ainda existe a baixa vacinação da população de 5 a 11 anos de idade”, explica.
Falta de transparência
Ex-membro do Comitê de Enfrentamento à Pandemia de Belo Horizonte, extinto em março deste ano logo após a posse do prefeito Fuad Noman (PSD), Unaí acredita que não há transparência nos dados divulgados pela prefeitura.
“O Boletim Epidemiológico, por exemplo, que primava pela qualidade, com dados importantes, divulgados diariamente, agora não mostra todos os dados e é publicado apenas duas vezes por semana”, explica.
O infectologista acredita ainda que a redução na quantidade de pessoas que realizam os testes também pode gerar diferença entre os dados e a realidade.
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“A falta de dados nos deixa aflitos e sem saber para que lado a pandemia está indo. É claro que estamos em outra fase, mas infelizmente ainda ocorrem mortes de pessoas mais vulneráveis”, completa.
Instituições de ensino cancelam aulas presenciais
Uma das áreas que já sente os impactos do aumento de casos de covid-19 é a educação. Nas últimas semanas, instituições de ensino superior e básico precisaram cancelar aulas presenciais e retomar o modelo remoto de atividades, devido a surtos de contaminação.
Esse foi o caso da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que anunciou no dia 19 de maio a suspensão por sete dias das aulas presenciais de turmas da Faculdade de Medicina. A decisão foi tomada após o registro de mais de 15 casos entre os estudantes.
Menos de uma semana depois, a UFMG comunicou que as aulas do curso de pedagogia também voltaram para o formato remoto. O protocolo da universidade prevê a possibilidade de suspensão das atividades presenciais quando, em um intervalo de até sete dias, três ou mais casos de covid-19 são registrados.
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No ensino básico, escolas particulares da capital mineira também suspenderam as atividades presenciais de turmas de estudantes contaminados. Uma delas foi o Colégio Arnaldo, localizado na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Após precisar suspender duas turmas, o colégio reforçou que a comunidade escolar volte a utilizar máscaras e álcool em gel.
“Prezados pais, mães, responsáveis e alunos. Devido ao aumento dos casos de covid-19 em Belo Horizonte, o Colégio Arnaldo recomenda às famílias e alunos que retomem o uso das máscaras e mantenham a utilização do álcool em gel 70% nas dependências da escola”, afirmou o colégio, em comunicado aos responsáveis pelos estudantes.
Vacinação
Além da utilização de máscaras em locais fechados, a ampliação da vacinação é uma das principais respostas apontadas para impedir o agravamento deste cenário.
Ainda que mais de 80% da população mineira já tenha recebido as duas doses, ou dose única, da vacina contra a covid-19, apenas 57% já receberam a primeira dose de reforço.
Entre as crianças de 5 a 11 anos, os índices são ainda mais baixos. Segundo os dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, até a tarde desta quinta-feira (26), 69,7% do público recebeu a primeira dose da vacina e apenas 35% receberam a segunda.
“Essa doença ainda é uma doença misteriosa. A gente tem que tomar cuidado. O que nós pedimos é campanha de vacinação para as crianças, ampliar a cobertura vacinal com a dose de reforço, voltar o uso de máscaras em locais fechados e ter mais transparência nos dados”, enfatiza Unaí.
Edição: Larissa Costa