A comunicação deve envolver as tecnologias digitais e também o diálogo com as pessoas
Nos últimos meses, a esquerda brasileira, a partir do chamado das organizações, partidos, sindicatos e demais entidades que constroem a Frente Brasil Popular em todo o país, convidam a população para construir os comitês populares de luta. A construção cotidiana do trabalho de base se apresenta como uma possibilidade de, nos bairros, nas universidades, nas igrejas e nas redes digitais, combater o fascismo que cresce assustadoramente no país.
A pandemia de covid-19, que já matou quase 700 mil pessoas no Brasil, agravou a pobreza e a fome que já estavam presentes na realidade da população após o golpe de 2016 e das contrarreformas do trabalho e da Previdência Social, e da efetivação da Emenda Constitucional 95, chamada de teto de gastos.
O alavanque da crise inflacionária dos preços dos alimentos vem tirando o acesso da população aos mercados e empobrece o campesinato das cidades por todo o país. O fascismo, que se figura a partir do governo e das milícias armadas, dirigem vários setores estatais e também perpetua o mito do bolsonarismo. O esquema das fake news e a construção de uma ampla rede criminosa por meio da comunicação trouxeram a disputa não apenas para as ruas, mas para as redes sociais e aplicativos de mensagens como WhatsApp e Telegram.
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Todos os dias, a população recebe por esses canais vídeos, links e outros materiais cheios de mentiras e distorções da realidade. Essa situação traz ainda mais insegurança democrática para o povo. Tal esquema comunicativo não é utilizado apenas no país, mas se aprimorou ao redor de organizações de extrema direita em todo o mundo.
Agitação e propaganda
O trabalho dos comitês populares de luta, devem fazer da comunicação uma estratégia para garantir a visibilidade política das ações que estão sendo construídas. A agitação e propaganda são uma forma antiga e eficiente entre os movimentos de esquerda e não devem ser percebidas apenas como o lugar dos informes. A comunicação deve envolver as tecnologias digitais e também o diálogo com as pessoas nos pontos de ônibus, nas praças e nos refeitórios das fábricas. Deve estar presente nas reuniões dos comitês, sempre como ponto de reflexão e aprimoramento.
A comunicação pode potencializar os comitês, que, junto com a cultura e com a arte, se tornam expressão e podem garantir a formação política, a partir da educação popular, das pessoas que integram os comitês. Os comitês são também lugares da mística, da história, das estórias e dos cantos que aquecem corações e mentes para a luta popular.
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A comunicação pode estar presente nos lanches e nas refeições coletivas, como uma outra forma de produção dos alimentos e da economia solidária. A agroecologia e a gastronomia popular são parte do projeto de país que queremos para todas, todes e todos.
Enfim, a comunicação não é um setor, mas uma estratégia. Ela é necessária para o exercício da tomada de consciência, para uma política de classe, com a diversidade que as trabalhadoras e trabalhadores verdadeiramente expressam, e para um país que tem a luta coletiva como farol para a alvorada do novo amanhã. O Brasil, a partir do trabalho de base, deve consistir em mais "amores" e estar longe dos medos, violências e opressões. Por isso tanto lutamos.
Leonardo Koury Martins é assistente social, professor, conselheiro do Cress-MG e militante da Frente Brasil Popular.
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Larissa Costa