Ela vai embora. O que será dela daqui a alguns dias?
Era um sábado de uma manhã fria de outono-inverno. De longe, vejo uma jovem bem magrinha e com duas crianças empurrando um carrinho de supermercado. Dentro do carrinho, estava uma capa do disco da Elza Soares. Estavam com agasalhos bem surrados e andando bem devagarinho. A rua estava completamente vazia. Só um cachorro deitado em frente a uma garagem.
A mulher aproxima e pede uma ajuda desesperada:
- Pelo amor de Deus, moço! Meus filhos estão com fome. Há dois dias, não comem praticamente nada.
- Calma. Vou ajudá-la.
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- Moço, estou quase desistindo de tudo. Meu marido faleceu há três meses. Estou morando na rua. Catando latinhas para sobreviver. Ando para um lado e para outro sem lenço nem documento.
- Vamos ali na padaria. Vamos conversar. Encontrar uma solução.
Ela e as crianças tomam café com pão e presunto. As crianças querem balas, biscoitos e chocolates. Um deles quer um balão colorido que está perto do caixa da padaria.
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Um senhor ao lado assiste à cena e quer também ajudar. Vem mais um. E outras pessoas. Ganha uma cesta básica. Ela chora.
Ela vai embora. O que será dela daqui a alguns dias?
Será que ela vai escutar “mãe, tô com fome”?
Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.
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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Larissa Costa