Vou me aproximando, aproximando mais e mais. Vejo uma senhora toda alegre e sorridente
Chovia muito naquele fim de tarde. Fazia também muito frio. O trânsito estava totalmente parado. Tinha acabado de receber o pior telefonema da minha vida. Não estava nem ligando para aquele engarrafamento. Queria ficar ali parado para sempre. Feliz ano velho.
O céu nublado era a projeção da minha tristeza e da minha alma. Os vidros embaçados do carro não me deixavam ver quem estava no carro ao lado.
De repente, vejo uma família curtindo uma música no carro ao meu lado esquerdo. Tenho muita inveja deles. Fico com raiva da alegria deles. Começo a buzinar. Não quero vê-los tão felizes ali. Dou seta para sair daquele lugar. Ninguém me deixa passar. Minha angústia vai aumentando.
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Os anos se passam. Chego num lugar muito pobre, mas com uma gente especial. Eles encontram saída para seus desafios e adversidades. Fico com muita vergonha perto do que eles passam.
Vou ao ponto mais alto do lugar. Observo uma casa toda florida e colorida. Vou me aproximando, aproximando mais e mais. Vejo uma senhora toda alegre e sorridente. Ela passa uma energia diferente. Uma energia mágica. Saio dali pensativo. Soube da história dela. Uma história de tragédia. Ela deu a volta por cima. Ela me chama. Me dá um abraço. Colhe um girassol e me presenteia.
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Lembro-me daquele dia chuvoso e frio dentro do carro. Seu olhar é um bálsamo para a minha alma. Tento cuidar daquele girassol por dias a fio. Ela salvou minha existência por aqui.
Rubinho Giaquinto é covereador da Coletiva em Belo Horizonte.
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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Larissa Costa