Em meio ao cenário de barbárie no qual se encontra nosso país, os últimos acontecimentos levam a questionar até que ponto a política do ódio pode chegar. O bolsonarismo mata e não começou por Marcelo de Arruda.
Já perdemos quase 700 mil brasileiros para aquilo que o presidente denominou de “gripezinha”. Aos que sobreviveram ao massacre planejado pelo governo federal quando optou por não comprar a vacina e relativizar a gravidade da pandemia, restou o risco de morrer de fome, de bala perdida ou da bala ‘acertada’ pelo ódio neofascista.
É preciso não naturalizar esta forma de fazer política
O bolsonarismo mata, quando o resultado desta política colocou mais da metade da população brasileira para conviver com a insegurança alimentar, que é apenas um eufemismo para a fome.
O bolsonarismo mata, quando diminui a quantidade dos que acessam o ensino superior e aumenta a quantidade de crianças e jovens assassinados pela guerra promovida pelo estado nas periferias brasileiras.
O bolsonarismo mata, quando o presidente incentiva publicamente que seus apoiadores ataquem quem pensa diferente. Aqui, além de Marcelo, lembremos de Mestre Moa do Katendê, de Marielle Franco, de Anderson, de Bruno Pereiro e Dom Philips, de Carlos Rodrigues Furtado e tantos outros assassinados pelo ódio bolsonarista.
Não são apenas números
O efeito chocante da cena de um homem sendo morto em frente à sua esposa, filhos e amigos, num dia que deveria ser de festa, precisa nos servir de alerta para algo que o modus operandi atual tenta esconder: Jair Bolsonaro não deve entrar para história apenas como um presidente que coleciona números negativos.
Bolsonaro é aquele que se diz “defensor da família”, mas ceifa vidas e destrói lares. Cada uma das vítimas do bolsonarismo tinha nome, mãe, pai, filhos, amigos, expectativas, planos, sonhos e muita vontade de viver.
É preciso não naturalizar esta forma de fazer política. Existe diferença entre má gestão e ser criminoso.
Inimigo das mulheres e da educação
A política bolsonarista é criminosa quando retira direitos do povo e submete nosso país aos interesses das elites. Mas ela também é criminosa quando autoriza e incentiva os outros a cometerem crimes.
O mesmo Jair Bolsonaro que convidou seus apoiadores a “metralhar a petralhada” afirmou que não estupraria a deputada federal Maria do Rosário (PT) porque “ela é muito feia” e “não merece”.
Em 2021, em média, uma mulher foi estuprada a cada 10 minutos no Brasil. Novamente, não são apenas números. São mulheres e meninas que terão em toda a sua história a marca de um dos crimes mais cruéis de que se tem conhecimento.
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Jair Bolsonaro também é responsável por este cenário, porque além de não cumprir seu papel de gestor e criar mecanismos de proteção às mulheres, ele ridiculariza, incentiva e autoriza o estupro.
A estudante estuprada na universidade e a mãe violentada durante o parto são também resultado desta forma de condução do país, na qual seu presidente ao invés de defender as mulheres, aproveita de um crime para atacar aqueles que ele elegeu como inimigos.
Diante do último caso, o papel do presidente deveria ser abrir com a sociedade um debate sobre a gravidade da conduta do anestesista e criar condições para que o Estado intervenha em favor da vítima. Porém, Bolsonaro fez a escolha intencional de associar o crime às universidades públicas, quando questiona “o que mais foi ensinado na faculdade para ele?”.
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Vale lembrar que, enquanto o governo federal se negou a comprar vacina contra a covid-19, foram as universidades públicas as principais instituições a desenvolverem pesquisas e iniciativas visando a proteção da população brasileira.
Organizar o povo brasileiro
Diante deste cenário, fica a questão: existe polarização quando apenas um lado morre e é violentado?
Se a estratégia bolsonarista se organiza a partir do ódio e da violência, nosso lado precisa estar organizado em defesa da vida, da democracia e de um projeto soberano e popular para o Brasil.
A nós não cabe o medo. Temos a tarefa histórica de organizar o povo brasileiro em marcha, denunciando a política em curso, mas também anunciando o novo que há de vir.
Edição: Elis Almeida