Minas Gerais

DESCASO

Moradores do bairro Bandeirinhas, em Betim (MG), denunciam abandono do poder público

Entre as demandas, comunidade reivindica a ampliação da creche e solução para inundação do córrego

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |

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A parte residencial está abandonada", relata o líder comunitário Gutemberg Miranda -  Arquivo pessoal Gutemberg

De acordo com os moradores, o Bandeirinhas é um dos mais antigos bairros de Betim, cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, a infraestrutura do local não acompanhou o desenvolvimento da região. Faltam vagas na creche, uma das principais avenidas do bairro não suporta a demanda e o posto de saúde está em situação precária.

“O lado do bairro que é perto do parque industrial é olhado, mas a parte residencial está abandonada", relata o líder comunitário Gutemberg Miranda, que há 25 anos é morador do Bandeirinhas.

Um dos principais problemas da comunidade são as enchentes e inundações provocadas pelo transbordamento do Córrego do Quebra. Alguns moradores já tiveram que ser removidos do local. Temendo as chuvas do fim do ano, a comunidade cobra uma solução.

“Nós entramos com um protocolo de atendimento em novembro de 2021. Segundo a prefeitura, o projeto já foi liberado, porém não foi executado até hoje. E lá vem as próximas chuvas”, alerta o líder comunitário. Gutemberg explica também que, com a cheia, muitas famílias ficam ilhadas.


Um dos principais problemas da comunidade são as enchentes e inundações provocadas pelo transbordamento do Córrego do Quebra /  Arquivo pessoal Gutemberg

Outro projeto já aprovado, mas ainda não cumprido é a ampliação da creche municipal Criança Esperança. De acordo com Gutemberg, o executivo prometeu a construção de três salas na instituição. A obra criaria novas duzentas vagas na creche. No entanto, ainda não saiu do papel.

A Unidade Básica de Saúde do Bandeirinhas também precisa de reforma. O posto médico está com problemas na estrutura, com fungos e descascamento nas paredes. A situação foi denunciada em um protesto realizado pelos moradores.

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O posto policial também está abandonado. De acordo com Gutemberg, a construção da entidade custou R$ 120 mil aos cofres públicos, mas está sendo subutilizada por falta de infraestrutura. “Lá não tem condição nenhuma para atendimento. Eles [policiais] estão utilizando uma base móvel, que poderia estar servindo outro bairro, caso nosso posto funcionasse”, pontua.


Comunidade reivindica a ampliação da creche / Arquivo pessoal Gutemberg

Além da infraestrutura básica do bairro, a comunidade também sofre com a falta de uma opção de lazer. É que o campo de futebol da região foi transformado pelo executivo em um parque industrial. Gutemberg conta que, na época da obra, o prefeito Vittorio Medioli prometeu realocar o campo para outro espaço.

Mais de três anos se passaram e nada aconteceu. Enquanto isso, três times amadores do bairro que concorrem em um campeonato de elite, se viram como podem para se preparar para as competições. Indignado, o líder comunitário afirma que, quando foi questionado sobre a obra, o prefeito disse que iria avaliar a necessidade do caso.

Para moradores, descaso é retaliação

Na avaliação de Gutemberg, o descaso do executivo com a comunidade seria uma forma de retaliação. Em 2018, a prefeitura anunciou a construção de uma Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) no bairro.

No entanto, de acordo com o líder comunitário, os moradores do Bandeirinhas não foram consultados sobre a decisão e protestaram contra a medida. Depois de uma negociação, a unidade foi inaugurada, mas em um ponto diferente do proposto inicialmente pelo executivo. “A gente não era contra a Apac, mas sim contra a forma como ela estava vindo", explica.

O que diz a prefeitura

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Betim informou, em nota, que as obras para a ampliação da creche Criança Esperança terão início na próxima semana. E que estão sendo realizados estudos de viabilidade da obra para conter os transbordamentos no Córrego do Quebra.

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Com relação à Unidade Básica de Saúde, o Executivo afirma ter apresentado um plano de trabalho pleiteando recursos do Programa de Revitalização de Unidades Básicas de Saúde, do Ministério da Saúde, e aguarda a análise do caso.

Sobre a acusação dos moradores de retaliação, a prefeitura pontuou que “não procede a queixa de retaliação à comunidade” e que a gestão municipal “está constantemente aberta ao diálogo com a população para acolher quaisquer reclamações da comunidade e buscar soluções”.

Edição: Larissa Costa