Minas Gerais

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Religião e moralidade

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O que nasceu primeiro, a moral ou a religião? - Matheus Alves
Se diz evangélico, mas ameaça matar adversários

O que nasceu primeiro, a moral ou a religião? Gramsci (1891/1937) diz que as ideias e as crenças religiosas são criadas e difundidas pelas classes dominantes como meio de submeter às classes subalternas.

Desta forma, as normas de comportamento surgiram antes das religiões. Estas foram utilizadas para criar temor de castigos e controlar indivíduos e grupos sociais. Zeus era a divindade máxima dos gregos antigos, inclemente nos castigos a quem não cumprisse suas ordens. São muito conhecidas, as figuras mitológicas supliciadas por Zeus, como Prometeu e Sísifu, condenados a castigos eternos.

O profeta Moisés que teria vivido de 1352 a.c. a 1338 a.c., foi um líder político e religioso, legislador e juiz em Israel, considerado autor do Torá, livro com leis que regiam o povo judeu. Em marcha com a massa de refugiados, do Egito até o Monte Sinai, Moisés se esforça no sentido de prevalecer a cultura de Israel.

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É quando aparece os mandamentos da lei de Deus gravados em pedra, coincidentes com os preceitos morais vigentes em Israel. No 5º item, Deus disse: Não se ajoelhe diante de ídolos, nem os adore, pois eu, o Senhor, sou o seu Deus e não tolero outros deuses. Eu castigo aqueles que me odeiam por muitas gerações. No 6º item diz: Sou bondoso com aqueles que me amam e obedecem aos meus mandamentos e abençoo os seus descendentes por milhares de gerações.

Na Idade Média Ocidental, o cristianismo segue os textos bíblicos judaicos, porem Deus não castiga os transgressores em vida, mas após a morte.

A “Divina Comédia” de Dante Alighieri, escrita no século XIV, em que, o autor e personagem ao mesmo tempo, percorre o inferno e o purgatório e vai ao Céu à procura de sua amada Beatriz. No inferno encontra figuras históricas e seus crimes em vida. As penas eram diversificadas. Para o pecado da luxúria, tempestade de vento. Para os gulosos, chuva de fezes e putrefações. Aos hereges, túmulos em chama. Os assassinos, destruidores da natureza e violentos com o próximo eram condenados a nadarem em um rio de fogo. Nus em montanha de gelo ficavam os traidores e falsos testemunhos.

Para o protestantismo, o bom comportamento dos humanos é gratificado com sucesso na vida, enquanto os transgressores entram em desgraça. Nesse ponto, o protestantismo colhe melhores resultados nas proibições porque o medo de fracassar na vida é maior do que o da condenação eterna após a morte. Há um dito popular que diz: “O inferno é aqui”.

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Dias atuais

Nos dias atuais há quem não acredita em Deus e não tem religião e tem princípio éticos, respeito às diferenças e aos adversários, de forma mais coerente que os que se proclamam moralistas religiosos.

Um exemplo dessa situação é a conduta do presidente Jair Bolsonaro que se diz evangélico, tendo pedido para ser batizado nas águas do rio Jordão, como Jesus o fora. Sobe em palanque com pastores e faz gesto de uso de arma para matar adversários; nomeia pastores desonestos para cargos públicos e depois os protege contra as condenações.

Antônio de Paiva Moura é professor de História, aposentado da UEMG e UNI-BH. Mestre em História pela PUC-RS.

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

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Edição: Elis Almeida