“Se eu aguentar esperar até lá”. Com essa frase, Getúlio, morador de Silga, comunidade de Três Marias (MG), demonstra o misto de tristeza com a expectativa de que sua vida, no futuro, volte a ser como antes do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho.
A história dele é retratada no minidocumentário “Depois da represa tem um rio”, produzido pelo Instituto Guaicuy. Silga, assim como outras comunidades, vive até hoje os impactos de um dos maiores crimes socioambientais do mundo.
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Ribeirinho, do Rio São Francisco, Getúlio conta que ele e muitos outros viviam da pesca e do turismo na região. Porém, três anos após o rompimento, não tem mais peixe no rio e nem quem o compre. “Pescador que não passou fome foi um milagre de Deus. Porque não tinha outro meio de ganhar dinheiro”, conta Milton, morador de Ilha da Merenda, outra comunidade atingida.
No filme, moradores relatam que, mesmo com a mudança de seu modo de vida, com a perda de renda, com a poluição do rio e com as alterações na dinâmica das comunidades, não houve reparação. Ainda que tenham sido reconhecidos como atingidos pelo rompimento da barragem, eles denunciam que ainda hoje são tratados como invisíveis.
“Quando a gente está em uma luta e a gente vê que a gente está tipo invisível nela, é bem desanimador. Eu sempre falo para as meninas não desistiram, para a gente correr atrás mesmo. Que é um direito nosso”, relata Fernanda, de Silga.
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Mesmo diante desse cenário, a obra de nove minutos mostra que os ribeirinhos do Rio São Francisco ainda sonham em voltar a ver o rio saudável e almejam a melhoria na qualidade de vida do povo atingido. “E a gente vai continuando. E assim vai, uma dando força para a outra”, conclui Fernanda.
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Edição: Larissa Costa