Minas Gerais

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Minas Gerais tem 75 casos confirmados de varíola dos macacos, 53 são em BH

Capital é a única cidade do estado com transmissão comunitária do vírus. Secretaria investiga a contaminação de um bebê

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |

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A transmissão se dá a partir do contato próximo com fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como vestimentas, toalhas e roupas de cama. - iStock

Dados divulgados nesta quinta (4) pela Secretaria Estadual de Saúde informam o diagnóstico de 75 pessoas contaminadas com a monkeypox, ou varíola dos macacos. De acordo com a pasta, todos os casos confirmados são de pacientes do sexo masculino, na faixa etária entre 21 e 55 anos. Todos apresentam boas condições clínicas. Há dez dias, de acordo com informações da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), o estado contabilizava 42 casos confirmados da doença.

No último dia 28, Minas Gerais registrou a primeira morte no Brasil por varíola dos macacos, 20 dias após a primeira confirmação da doença no país, ocorrida em São Paulo. O paciente mineiro que veio a óbito estava em acompanhamento hospitalar por possuir outras condições clínicas graves. O homem tinha 41 anos, era residente de Belo Horizonte e natural de Pará de Minas.

Apesar da prevalência entre homens, a Organização Mundial de Saúde (OMS) já emitiu diversos alertas para os riscos de propagação entre toda a população, reiterando que a doença não está restrita a grupos específicos. Por ser transmitida por contatos próximos, organizações de saúde recomendam a diminuição de diferentes parceiros sexuais neste período, além de outras medidas preventivas.

Transmissão comunitária em BH

Belo Horizonte contabiliza 53 casos e registra transmissão comunitária do vírus, ou seja, quando as autoridades de saúde não conseguem mais rastrear o primeiro paciente que originou as cadeias de infecção, ou quando já envolve mais de cinco gerações de pessoas.

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A capital mineira é seguida por Santa Luzia, na Região Metropolitana, com cinco casos, e Ribeirão das Neves e Contagem, que registram dois casos cada. Em Contagem, está sendo investigado um caso de possível contaminação de um bebê de 1 ano e seis meses. A OMS alerta que em crianças, mulheres grávidas e pacientes com imunidade comprometida, a infecção é particularmente preocupante.

Betim, Bom Despacho, Governador Valadares, Mariana, Janaúba e Pouso Alegre também confirmam o registro da doença.

Mesmos erros

De acordo com Center for Disease Control and Prevention (CDC), até a quarta-feira (3), o Brasil contabilizava 1.474 casos confirmados da doença. O país foi o primeiro fora da África a registrar óbito pelo vírus. Recentemente, Espanha e Índia também notificaram casos de vítimas fatais.

Diante da situação, a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) critica a insuficiência do governo em dar resposta à emergência sanitária. Na avaliação do epidemiologista da instituição, Jesem Orellana, a situação é preocupante e segue os erros cometidos no enfrentamento à covid-19.

“Tem um conceito que é fundamental para o enfrentamento de emergências de saúde, que é o conceito da oportunidade. Se você não atua de forma oportuna, de maneira a se antecipar, acaba caindo nessa situação evitável do espalhamento viral”, explica.

Prevenção e contágio

Pertencente ao gênero Ortopoxvírus da família Poxviridae, o vírus da varíola dos macacos é da mesma família que a varíola humana – que causou crises sanitárias no mundo todo por séculos, até que foi controlada pela vacinação na década de 1970. O vírus da varíola dos macacos não costuma levar pacientes a casos graves.

Os sinais da doença são febre, dores no corpo e na cabeça, cansaço, gânglios inchados e lesões com feridas espalhadas pela pele. Os machucados causam dores e coceira e algumas manchas podem deixar cicatrizes.

A transmissão se dá a partir do contato próximo com fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados, como vestimentas, toalhas e roupas de cama. O período de incubação sem sintomas costuma durar de 6 a 13 dias, mas pode chegar até 21 dias.

A médica infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) Marília Santini explica que a melhor forma de prevenção da doença é o conhecimento. “É importante ficar atento se alguém com quem você se relaciona – alguém que mora na sua casa, com quem você namora ou uma pessoa com quem você tem relações sexuais, por exemplo – tem alguma lesão e pode estar doente”, enfatiza.

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A especialista também ressalta que manter medidas sanitárias, adotadas contra a covid-19, por exemplo, também é recomendado. “Enquanto não conhecermos melhor todas as formas de transmissão da monkeypox, outras medidas, como usar máscara e higienizar as mãos com frequência, também são recomendadas. Não é possível afirmar, hoje, o quanto isso protege para monkeypox ou não, porque a importância de cada tipo de transmissão ainda não é completamente conhecida”, explica.

Caso ocorra o registro da doença, o infectado deve ser isolado. As pessoas com quem o paciente teve contato devem ser monitoradas e colocadas em isolamento ao menor sinal de sintoma.

Vacina

Embora não seja mais produzida e aplicada em larga escala, a vacina da varíola humana é efetiva contra a varíola dos macacos. Como a doença foi considerada erradicada pela OMS em 1980, as campanhas de imunização foram extintas. No Brasil, por exemplo, quem tem menos de 40 anos não teve acesso às doses, que deixaram de ser aplicadas em 1979.

Atualmente, a vacina é aplicada somente em profissionais que atuam em áreas de risco. Para conter a onda atual de contaminações, no entanto, o Reino Unido e os Estados Unidos já disponibilizam ou estudam disponibilizar doses para profissionais da saúde. No fim do mês, o Ministério da Saúde anunciou que está em tratativas para aquisição de vacinas para aplicação nos trabalhadores do setor.

No último dia 14, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Fundação Ezequiel Dias (Funed) anunciaram o isolamento do vírus da monkeypox. O procedimento é crucial para que pesquisadores entendam o funcionamento do vírus e a partir daí elaborem orientações e imunizantes para a população.

Edição: Larissa Costa