Minas Gerais

HIDRONEGÓCIO

Artigo | Entenda porque o Rio das Velhas está secando

Copasa mente sobre as razões para a baixa vazão do rio que corta a RMBH

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
"A mineração não paga o valor de mercado da água bruta que utiliza. Com isso, transfere o ônus para os consumidores urbanos de água e energia hidroelétrica" - Foto: Bianca Aun - Assessoria de Comunicação CBH Rio das Velhas

Total falta de pudor os argumentos da Copasa sobre a escassez hídrica neste início de agosto de 2022. Debochando da ciência, esse negacionismo da Copasa, do governo estadual e das grandes mineradores (Vale a frente), atribuem a escassez hídrica que se repete a cada ano de agosto a novembro (ou dezembro), à falta de chuvas.

O hidronegócio da grande mineração é o responsável pela escassez hídrica aqui no Quadrilátero Ferrífero. É um crime ambiental. A escassez advém do fenômeno contemporâneo da Seca Subterrânea, provocado pela mineração predatória, que seca as nascentes dos rios ao quebrar a nossa caixa d'água natural.

E, além de tudo, a mineração não paga o valor de mercado da água bruta que utiliza. Com isso, transfere o ônus para os consumidores urbanos de água e energia hidroelétrica, o que configura crime contra a economia popular.

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A Copasa tem assento no Comitê de bacia do rio das Velhas (CBH Velhas) e coordena o grupo do governo estadual com empresários que usam enormes volumes de água a montante da Estação de Tratamento de Água em Bela Fama, no município de Nova Lima.

Esse monstrengo denominado Convazão, um híbrido gêmeo da Agência Peixe Vivo, reúne os maiores empresários do hidronegócio do alto rio das Velhas sob a complacente acolhida governamental (maioria do CBH Velhas).

A gente sabe que essa coincidência de fenômenos - escassez hídrica com o período da estiagem - não tem relação causal.

Escondendo informações e enganando a população que fica condenada a assumir o ônus, a gente compreende até que ponto chega a perversidade política e econômica da classe dirigente brasileira e da omissão de tantos outros.


Vazão do Rio das Velhas (Honório Bicalho / Nova Lima)

Vazão do Rio das Velhas

Segundo dados da Copasa, a vazão do Rio das Velhas esteve igual ou menor do que 10,3 m³/s a partir do dia 30 de julho. Nos dias 2, 3 e 4 de agosto e no domingo (7), chegou a 9,9 m³/s. Desde o dia 17 de agosto est em 9,7 m3/s. No dia 3, a captação da Copasa para o abastecimento público foi de 6,72 m³/s. A vazão residual foi de apenas 3,18 m³/s.

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Para mitigar essa situação criada pela Seca Subterrânea do hidronegócio predatório, e garantir o atendimento das demandas necessárias para abastecimento público, a empresa afirma: “a Copasa tem realizado ações para melhoria ambiental no Alto Velhas, tais como plantios de mudas e cercamentos de Áreas de Preservação Permanente (APP)".  Ridículo!

A gente sabe a causa da Seca Subterrânea. É a mineração. É hora de virar o jogo.

Apolo Heringer Lisboa é doutor em Educação pela FAE/UFMG, médico e ambientalista, tendo sido idealizador do Projeto Manuelzão

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal

Edição: Elis Almeida