Metroviários de Belo Horizonte seguem com as atividades paralisadas. O movimento grevista foi deflagrado na última quinta-feira (25), um dia após o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovar a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) que atua em Minas Gerais.
Com a mobilização, a categoria alerta à população de que a venda do metrô da capital mineira pode aumentar ainda mais os preços das passagens. Além disso, os metroviários temem que com a privatização aconteçam demissões em massa dos trabalhadores concursados.
Desde o início de agosto, diretores do Sindicato dos Metroviários de Minas Gerais (Sindimetro/MG) realizam agendas com órgãos públicos em Brasília a fim de obter esclarecimentos sobre como ficará a situação da categoria. Além das demissões, o período de estabilidade e as possíveis transferências de unidades preocupam os trabalhadores.
Queremos barrar a privatização e salvar o emprego de 1600 trabalhadores
“Nós queremos barrar a privatização e salvar o emprego de 1600 trabalhadores. É isso o que está em risco. Além disso, a garantia da mobilidade e do transporte como direito essencial também está em risco”, explicou Pablo Henrique, diretor do Sindimetro/MG, ao Brasil de Fato MG.
A CBTU foi incluída pelo governo Bolsonaro no Programa Nacional de Desestatização (PND) em 2019. Além da capital mineira, a estatal também cuida dos metrôs de João Pessoa, Maceió, Natal e Recife.
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Tarifa mais cara
No Rio de Janeiro, a CBTU foi responsável por operacionalizar as linhas de trem até 1997, quando houve a privatização. Na avaliação da categoria, a experiência deve servir de aprendizado para a população belorizontina. Diferente do que era prometido pelos defensores da entrega do serviço ao setor privado, as tarifas não diminuíram.
Atualmente, o preço do bilhete no Rio de Janeiro é de R$ 6,50, considerado o mais caro do país. Na avaliação de Pablo, além do impacto nos valores, a administração das linhas de trem no Rio pelos consórcios Supervia e MetrôRio também impactou na qualidade do serviço.
“O que a privatização pode trazer não é só a demissão dos trabalhadores. Ela pode significar que o metrô de BH passe a funcionar igual a Supervia no Rio de Janeiro, que tem intervalos de 30 a 40 minutos no horário de pico. A gente tá lutando para que o transporte de BH não seja sucateado como está sendo onde foi privatizado”, argumenta o metroviário.
Como está o funcionamento
Completando cinco dias de greve nesta segunda-feira (29), o metrô de Belo Horizonte está funcionando com 60% de sua capacidade. Nos horários de maior movimento nas estações, das 6h às 8h30 e das 16h30 às 19h, o tempo de espera dos usuários é de, em média, nove minutos.
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Para Alda Fernandes, metroviária e diretora do Sindimetro, os impactos imediatos da greve no cotidiano da população não podem impedir que os usuários apoiem as ações da categoria, uma vez que a mobilização visa proteger o seu direito ao transporte público e de qualidade.
“É preciso ocupar a cidade. O apoio da população é de extrema importância porque o transporte não pode ser tratado como mercadoria e nem lucro, que não seja o social”, conclui Alda.
Edição: Elis Almeida