De acordo com dados do Instituto Ipec, os evangélicos representam 25% do eleitorado brasileiro e 16% do total declara que se importa com a religião do candidato. O público tem ganhado destaque nas disputas eleitorais, sobretudo após o pleito de 2018. As pautas da comunidade foram apropriadas por diversos candidatos, inclusive pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
No entanto, na avaliação de líderes evangélicos, há uma distorção das propostas e anseios da comunidade, sobretudo em discursos de candidatos da extrema direita. Mas, o que desejam os evangélicos nas eleições de 2022?
“Espero que o próximo governo aja como Cristo. Jesus nos ensina a orar com o Pai Nosso, que fala: ‘venha a nós o vosso reino’. E no reino de Deus não há fome, o reino de Deus não é compatível com a miséria, com a desigualdade social. Então, a gente espera que o próximo governo combata a desigualdade social, combata a fome, e que haja comida na mesa de todo brasileiro”, pontua Renata Miranda, coordenadora estadual da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito.
O papel da mulher evangélica
Outra crítica apontada pela líder é o papel submisso e coadjuvante que tem sido atribuído às mulheres evangélicas. Para Renata, a bíblia ensina os cristãos a valorizar e respeitar as mulheres. “Quando Jesus reencarna, ele decide aparecer para uma mulher. As primeiras igrejas foram construídas nas casas das mulheres. Jesus escolhe andar ao lado das mulheres”, diz.
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A violência praticada contra as mulheres e legitimada por líderes políticos também é uma preocupação para a cristã. “Quando quem está no poder não nos trata com dignidade e respeito, as violências, como a agressões e abusos, se ampliam", completa.
Valores cristãos
Além das distorções dos valores cristãos, a comunidade evangélica também identifica as fake news como um dos principais desafios entre a população. Para combater a desinformação, iniciativas, como o site “Mentiras do Éden”, têm sido organizadas por membros e pastores de diversas igrejas. O portal informa sobre boatos relacionados a temas religiosos, como a acusação de que, se eleito, o Partido dos Trabalhadores irá fechar as igrejas evangélicas, afirmação desmentida pela comunidade.
Os evangélicos também têm organizado debates e formações, como a criação de uma cartilha que relaciona as ações de Jesus aos direitos humanos. Recentemente, a Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito se declarou como apoiadora da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva.
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“Diante também dos retrocessos nas políticas públicas e principalmente em relação ao este contexto de ódio e de violência, entendemos que é necessário somar forças à candidatura que tenha como elemento central a civilidade e que de fato consiga discutir projetos políticos para o país”, explica Fábio Maia, da coordenação estadual da articulação.
Voto de cajado
Para o pastor Éder José, que junto a sua comunidade de fé realiza trabalho voluntário com populações vulneráveis na periferia de Belo Horizonte, é perceptível a piora das condições de vida da população pobre. E isso se soma a uma pressão das igrejas para direcionar o voto dos fiéis.
“A gente tem percebido que muitos pastores têm usado o púlpito para fazer política partidária. O que é complicado nisso é você dizer em nome de Deus, porque você põe um peso e uma opressão", avalia o religioso.
A pastora Mara Parlow, reforça a autonomia garantida a cada pessoa na escolha de seus candidatos. “O nosso incentivo para que as pessoas participem da construção de uma paz encarnada, que tenha corpo, e participem das eleições, que é um momento também de cada um dizer a sua palavra, com autonomia e com liberdade”, ressalta a integrante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil.
Edição: Larissa Costa