“A gente vive um momento em que a realidade vem perdendo importância”, afirma José Luiz Quadros. Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), essa constatação ajuda a explicar os motivos da reeleição de Romeu Zema (Novo) para o governo de Minas Gerais.
Com 56,51% dos votos, Zema garantiu a manutenção de sua cadeira na Cidade Administrativa ainda em primeiro turno. Em segundo lugar, Alexandre Kalil (PSD) obteve 35,08%.
Mesmo sendo criticado pelos movimentos populares por ser subserviente às mineradoras, operar uma gestão empresarial dos serviços públicos e conduzir a política de forma mais associada aos grandes empresários, o candidato do Novo ficou à frente em 659 dos 853 municípios mineiros.
Discurso x realidade
Para José Luiz Quadros, a defesa incessante da lógica neoliberal e o disparo em massa de notícias falsas ganharam destaque na corrida eleitoral.
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“As eleições foram decididas com muito dinheiro, mas também com uso de mecanismos sofisticados de criação de fake news, apresentando coisas antigas como se fossem novas. Vejo a reeleição dele muito vinculado a isso. Porque, se formos observar a realidade do estado, ela não é boa”, afirma.
O professor ainda enfatiza que a disputa mobilizou sentimentos negativos em parte da população, como ódio e raiva. “Esses sentimentos são mobilizados por Jair Bolsonaro e seus apoiadores. No caso de Zema, ainda se soma uma outra ficção: o combate ao Estado”, completou.
A projeção feita por José Luiz Quadros é de que a aposta de Zema para seu segundo mandato será o aprofundamento de medidas de desmonte do Estado e de venda do patrimônio público. “Essa promessa neoliberal é apresentada por Zema como algo novo, mas na verdade é elitista, antiga e excludente”, destaca.
Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais, Jairo Nogueira, o partido de Zema quer lançá-lo como candidato à presidência do Brasil, em 2026, e irão tentar a todo custo aplicar bem o seu programa privatista em Minas.
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“Eles vão tentar fazer de Minas um laboratório do Partido Novo e mostrar para a população que a lógica deles é a melhor. Mas nós sabemos que essa forma de governar não atende à população”, afirma Jairo.
Inabilidade política
Como um dificultador, o sindicalista destaca que, ainda que o governador deva continuar tentando avançar na privatização das estatais estratégicas de Minas, como a Cemig e a Copasa, a inabilidade política do gestor acaba se tornando um empecilho.
“Ele não consegue dialogar com deputados, nem com os movimentos, nem com os sindicatos. Ele tenta fazer as coisas como se o Estado fosse uma empresa. Mas na política não é assim. Ele tem pouca habilidade para as negociações. A privatização da Cemig e da Copasa, por exemplo, passa pela Assembleia Legislativa e por referendo popular”, argumenta.
Edição: Larissa Costa