Minas Gerais

ESPERANÇA

Professores da UFMG se posicionam em defesa da democracia, da ciência e das universidades

Carta, divulgada nesta quinta (13), afirma que docentes apoiam Lula no segundo turno das eleições presidenciais

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Crédito - Ricardo Stuckert

Professores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em carta lançada nesta quinta-feira (13), defendem a democracia, a ciência e as universidades. No documento, os docentes criticam o governo de Jair Bolsonaro e o “escandaloso e inconstitucional” orçamento secreto, além da anulação da autonomia dos órgãos de combate à corrupção.

“A continuidade do governo Bolsonaro, com a cobertura mesmo de uma maioria de votos obtida por toda uma série de ações ilegais de campanha, lhe permitirá passar a um segundo tempo de destruição das mínimas instituições democráticas e dos direitos humanos. Aprofundará o caminho para um plano criminoso de instalação de ditadura no Brasil sustentada por políticos corruptos, milícias e grupos de fanáticos armados”, diz o texto.

A carta ainda afirma que o caminho dos professores é o da democracia, da liberdade, da justiça social, racial e de gênero.

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“Nós professores e professoras da UFMG, nos juntamos às dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras que estão construindo com esperança, de forma plural e com suas diferenças, com todas as cores, culturas e religiões, com sua dignidade e seus sonhos, a vitória de Lula nestas eleições”, aponta o documento.

Leia nota na íntegra:

Em defesa da democracia, da ciência e das universidades: nós professores e professoras da UFMG votamos 13!

A sociedade brasileira está hoje, de forma nítida e incontornável, entre dois caminhos.

Um caminho é o de continuidade do governo Bolsonaro que levará certamente à destruição da democracia brasileira e dos direitos humanos.

Hoje, este governo já corrompe, por meio do escandaloso e inconstitucional “orçamento secreto”, o Congresso Nacional, em especial a Câmara dos Deputados. Sequestrou e instrumentalizou de forma antirrepublicana a Procuradoria Geral da República e a própria direção da Polícia Federal. Anulou a autonomia dos órgãos de combate à corrupção. Interviu na Empresa Brasileira de Comunicação, transformando-a de empresa pública em órgão de propaganda. Militarizou ministérios, órgãos públicos e estatais, com gestões paralelas e corrompidas. Ataca de forma sistemática a autonomia do Supremo Tribunal Federal e da Justiça Eleitoral.

Mais do que isso, o governo Bolsonaro vem praticando uma política do ódio, incitando ao armamento, incentivando a violência contra pobres, negros, mulheres e população LGBTQIA+. Racismo e intolerância religiosa viraram políticas de governo. Os direitos dos trabalhadores são submetidos à lógica de um capitalismo selvagem, expostos ao desemprego e à precarização. Os povos originários e seus territórios são atacados brutalmente em seus direitos fundamentais. O governo Bolsonaro organiza, por todos os meios, a devastação da natureza, da floresta amazônica e dos mais diversos biomas do território nacional. Não há um dia em que o governo não ataque a liberdade de imprensa e insidiosamente veicule uma escalada de calúnias e mentiras, destruindo fundamentos da própria cultura democrática e do diálogo plural. A liberdade de cátedra, do mesmo modo, é alvo sistemático de ataques que intentam criminalizar docentes, pesquisadores e pesquisadoras.

A continuidade do governo Bolsonaro, com a cobertura mesmo de uma maioria de votos obtida por toda uma série de ações ilegais de campanha, lhe permitirá passar a um segundo tempo de destruição das mínimas instituições democráticas e dos direitos humanos. Aprofundará o caminho para um plano criminoso de instalação de ditadura no Brasil sustentada por políticos corruptos, milícias e grupos de fanáticos armados.

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Este processo sistemático e criminoso de destruição da democracia vem acompanhado das práticas mais obscurantistas contra a ciência e a inteligência pública dos brasileiros, organizada em seus sistemas universitários e suas redes de ensino. O governo Bolsonaro, como documentou a CPI da Covid, praticou a política mais negacionista do mundo, gerando centenas de milhares de mortes evitáveis de vidas no Brasil. Cortou de forma drástica os investimentos na educação, em pesquisa científica e abriu uma verdadeira guerra contra os saberes humanistas. Atenta seguidamente contra a autonomia das universidades públicas e estrangula o financiamento de seu funcionamento, impondo um arrocho salarial inédito aos trabalhadores do ensino.

O segundo caminho que nós, professores e professoras, decidimos tomar, como cidadãos e cidadãs, como democratas e humanistas, como guardiães da ciência e dos saberes educativos, é o de impedir pelo nosso voto esta tragédia maior, que seria a continuidade do governo Bolsonaro.

O nosso caminho é, e sempre será, o da democracia e de seus direitos à liberdade sem interferência ou coerção moral, física ou jurídica. A liberdade da justiça social, racial e de gênero. A nossa pedagogia só pode ser a da liberdade plena para a criação e realização concreta dos direitos democráticos e da cidadania, contra uma concepção esvaziada da noção de liberdade em que o indivíduo é seu próprio "servo, amo e senhor".

Por isso, nós professores e professoras da UFMG, nos juntamos às dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras que estão construindo com esperança, de forma plural e com suas diferenças, com todas as cores, culturas e religiões, com sua dignidade e seus sonhos, a vitória de Lula nestas eleições.

Professores e professoras da UFMG apoiam Lula 13.

APUBH UFMG+

Edição: Larissa Costa