Neste segundo turno, a candidatura de Lula tem enfrentado circunstâncias adversas que já teriam desmoronado, erodido, qualquer outra candidatura menos sólida. Mas não a de Lula!
Talvez estejamos reféns da narrativa da mídia empresarial, cuja tendência a equiparar, artificialmente, as duas candidaturas, e a normalizar os absurdos, autoritarismos e desonestidades do atual presidente, faz com que até nós nos esqueçamos que esta é uma disputa em que pelejamos em desigualdade de regras e condições. Como se fôssemos um time de futebol que ataca ladeira acima e se defende ladeira abaixo.
Vamos lembrar, neste segundo turno, as circunstâncias e condições adversas que enfrentamos:
a) o ânimo renovado bolsonarista e o desânimo nosso após a surpresa da votação do genocida no 1º turno, não previsto pelas pesquisas;
b) os inúmeros casos de assédio eleitoral, especialmente aos mais vulneráveis, crime cometido por certos patrões e líderes religiosos;
c) o estelionato eleitoral, a gastança desenfreada com benefícios provisórios, também aos mais vulneráveis, por parte do governo federal, desde a contenção forçada dos preços dos combustíveis até liberação de FGTS, de empréstimos consignados (a juros de agiota) em cima do auxilio emergencial, passando pelo rio de dinheiro sem controle que é o vergonhoso Orçamento Secreto. Se em condições menos anormais, de uso menos escandaloso da máquina pública, os chefes do executivo, prefeitos, governadores e presidentes, são sempre candidatos fortes, favoritos mesmo, à reeleição (consultem os dados sobre reeleição), imagine-se o impacto dessa gastança ilegal e imoral atual.
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d) a ofensiva de políticos bolsonaristas, especialmente governadores, particularmente junto a prefeitos e líderes locais. Caso tristemente exemplar tem sido o do governador de Minas Gerais;
e) Finalmente, e talvez o mais impactante: a ofensiva massiva de fake news, que começou às vésperas do 1º turno e tem assumido proporções gigantescas nesses últimos dias. Felipe Neto, que conhece bem o mundo das redes sociais, tem alertado sobre isso, e o próprio ministro do STF e presidente do TSE, Alexandre de Moraes, comentou que o volume de desinformação neste segundo turno está "um desastre". A indústria de mentiras, ou, como alguns chamam, o ecossistema de desinformação, é uma máquina poderosa, articulada, profissional, e, sobretudo, com farto financiamento.
Pois bem, enfrentando tudo isso, continuamos na frente. Repito: outra candidatura menos forte que a de Lula já teria ido para o beleléu! Obviamente nossa vitória não está garantida, mas me arrisco a dizer que temos as maiores probabilidades.
Providências
O desânimo logo após o 1º turno já passou. Lula tem acertado em cair nos braços do povo em comícios Brasil afora, cada vez mais cheios e eletrizantes.
E, em relação à máquina de mentiras bolsonarista, houve, recentemente, alguns esboços de reação:
a) a reunião do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, com os representantes de plataformas de redes sociais em que foi cobrado delas mais agilidade no enfrentamento às fake news. Nesta quinta, o TSE irá deliberar a possibilidade dele agir contra as fake news de ofício, ou seja, sem precisar de pedido do Ministério Público ou outro ente;
b) o direito de resposta concedido a Lula no horário eleitoral do genocida, que insiste em xingá-lo de mentiras absurdas;
c) a decisão do TST de desmonetizar quatro canais de apoiadores do genocida especialistas, como é óbvio, em distorções escabrosas da verdade, entre eles a produtora Brasil Paralelo, bastante eficiente em sua especialidade suja.
Qual será o efeito dessas providências?
Saberemos nos próximos dias. Certamente não acabará com o ecossistema de desinformação, este é um longo e pesado trabalho que a decência e a democracia têm pela frente. Mas se surtir efeito, o mínimo que seja, já será alívio, lucro para nós. E se não surtir efeito algum? Bem, já resistimos há uns 20 dias a esse autêntico "bombardeio do mal", sem que Lula tenha perdido sua vantagem. Podemos resistir por mais 10 dias, até a eleição.
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As redes sociais ainda são território dominado pelo chorume bolsonarista, mas já não dominam praticamente sozinhos como em 2018. Já aprendemos, aos trancos e barrancos, a fazer frente a esse chorume, o jogo nessa arena já não está mais tão desequilibrado. Podemos resistir.
A campanha somos nós
Não é a toa que digo "podemos", e não "Lula pode". A campanha somos nós!! Eu e cada um de vocês, cada um, que estamos nessa trincheira resistindo pela democracia e pela civilidade, contra a hipocrisia, o fanatismo, a força bruta.
Faltam 10 dias para uma eleição que não podemos perder! E se começarmos a ficar desanimados, já estaremos a meio caminho de perder. É perigoso e sobretudo não há razão para esse desânimo!
10 dias são um período grande de tempo em uma eleição disputada e polarizada como esta, muita coisa ainda pode acontecer. Por outro lado, as preferências dos eleitores parecem bem solidificadas.
Vamos fazer, nesses últimos 10 dias, um esforço de militância, nas ruas e nas redes! São poucos dias, tendo em vista o que podemos perder e sofrer num futuro próximo.
A vitória, se Deus quiser, será nossa! E depois continuaremos lutando!
Rubens Goyatá Campante é pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (CERBRAS) e criador do podcast Prosa com o Goyatá.
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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do Brasil de Fato.
Edição: Elis Almeida