Minas Gerais

DESUMANIDADE

Além do goleiro Bruno e de Guilherme de Pádua, mandante da chacina de Unaí defende Bolsonaro

Antério Mânica foi condenado duas vezes pelo assassinato de 4 servidores que fiscalizavam denúncias de trabalho escravo

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |

Ouça o áudio:

Imagens - 1,2 e 3: Reprodução - 4: Marcelo Camargo /Agência Brasil

Nesta semana, o mandante de um dos mais bárbaros crimes do país, Antério Mânica, um dos autores da chacina de Unaí, declarou oficialmente seu apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PL). Condenado pela segunda vez em maio de 2022 a 64 anos de prisão, Mânica segue em liberdade, já que novamente recorreu da decisão da Justiça.

Em janeiro de 2004, o ex-prefeito de Unaí, juntamente com seu irmão Norberto Mânica, ordenou o assassinato de quatro servidores do Ministério do Trabalho que fiscalizavam denúncias de trabalho análogo à escravidão. Os trabalhadores foram executados com tiros na cabeça.

“Ele não tem direito de fazer declaração nenhuma, ele deveria estar preso. Ele deveria estar incomunicável. Foi condenado por duas vezes, em 2015 e 2022, por um conselho de sentença. O crime vai completar 19 anos de impunidade”, se indigna Carlos Calazans, ex-delegado regional do Trabalho, coordenador dos trabalhadores assassinados.

Calazans especula que, em troca, um possível apoio do governo federal poderia garantir aos criminosos vantagens para seguirem impunes. “Para mim, para as viúvas, para os filhos é uma desumanidade, uma crueldade muito grande. A gente ver um cara que matou quatro pais de família, que deixaram sete órfãos, fazer uma declaração dessa. É espezinhar na dor das pessoas”, desabafa.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

O ex-servidor também ressalta que nos últimos anos houve um desmonte das políticas públicas de combate ao trabalho escravo, como a falta de concursos públicos para o setor e a precarização das condições de atuação, com falta até mesmo de combustíveis para as operações de fiscalização.

“A continuação do governo Bolsonaro representaria a vitória da violência, da brutalidade, da contra civilidade e da barbaridade”, avalia Calazans.

Autores de crimes contra as mulheres, cometidos com requintes de crueldade, também apoiam Bolsonaro

Outro caso emblemático na história do país é o assassinato de Eliza Samúdio. A modelo foi sequestrada, assassinada e até hoje seu corpo não foi encontrado. O goleiro Bruno Fernandes, autor do crime, também declarou seu voto e apoio à candidatura de Jair Bolsonaro (PL).

O jogador afirma que votará em Bolsonaro porque quer um “país honesto” e que está “cansado de hipocrisia”. Guilherme de Pádua, autor do assassinato da atriz Daniela Perez, também defende o presidente e chegou a convocar uma contagem paralela dos votos no primeiro turno.

:: Leia mais notícias do Brasil de Fato MG. Clique aqui ::

Na avaliação de Bernadete Esperança, da Marcha Mundial das Mulheres, os apoios espelham as atitudes praticadas por Jair Bolsonaro. “Além da violência contra as mulheres ser cotidiana, ainda temos um governo que estimula essa violência. É um governo que odeia as mulheres, ataca, ofende e nos violenta. Faz isso pelas suas palavras, sejam ditas para jornalistas, deputadas e até para a própria filha, mas também violenta a partir da extinção de políticas públicas de enfrentamento à violência, de geração de renda e de busca de igualdade”, pontua.

“Um cara que vê meninas de 14 e 15 anos e diz que ‘pintou um clima’ é um exemplo escancarado da violência do governo e ter pessoas como essas apoiando, só reforça isso”, completa Bernadete Esperança.

Edição: Larissa Costa