Minas Gerais

RECONHECIMENTO

Mais saúde, universidades e moradias: governos de Lula promoveram melhorias em Minas

Zema diz que Bolsonaro não cresce no estado porque os mineiros são “desconfiados”

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Crédito - Ricardo Stuckert

Beneficiários diretos das políticas dos governos Lula afirmam que os mandatos do petista foram responsáveis por alavancar uma série de transformações sociais em Minas Gerais. Para eles, esse é o principal motivo do candidato à Presidência ter tido a preferência dos mineiros no primeiro turno das eleições e seguir liderando as pesquisas do segundo turno.

A avaliação é diferente da do governador Romeu Zema (Novo) que, segundo informações da coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, afirmou aos coordenadores de campanha de Jair Bolsonaro (PL) que as dificuldades de ampliar as intenções de voto do atual presidente no estado se deve ao fato de o povo mineiro ser “desconfiado”.

Após ser reeleito no primeiro turno e declarar apoio a Bolsonaro, o representante do Novo tem enfrentado dificuldades em converter sua expressiva votação em apoio ao candidato do PL. Uma das primeiras tarefas dadas a Zema foi reunir prefeitos dos municípios do Norte de Minas para um encontro com o presidente. Porém, a reunião foi esvaziada.

Desenvolvimento

No Norte de Minas, além dos vales do Jequitinhonha e do Mucuri, Lula obteve mais de 60% dos votos válidos no primeiro turno. Na avaliação de Sálvio Humberto Penna, metalúrgico e ex-preso político do regime militar, muito mais que fruto da desconfiança do eleitorado mineiro, a preferência do petista tem a ver com as mudanças vividas na região durante as gestões do PT à frente do governo federal.

“O Norte de Minas e os vales do Jequitinhonha e do Mucuri eram conhecidos como regiões pobres. Mas, na verdade, o que faltava dos governos era investimento. Lula quebrou isso, construiu estradas, pontes e deu recurso às prefeituras. Foi muito importante”, conta Sálvio.

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Ele explica que muitos municípios foram profundamente afetados pela aposta de Lula em incentivar o desenvolvimento das regiões.

“A cidade de Nanuque, por exemplo, tinha uma produção cafeeira. Antes dos governos do PT, havia apenas uma estrada. Com a construção de novas estradas e pontes, ficou evidente que de pobre ali não tinha nada. O que tinha era um problema grave de transporte e escoamento, que começou a ser resolvido nos governos Lula”, completa.

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Educação

Defensor de que não é possível desenvolver o país sem apostar na educação, Lula foi o presidente que mais criou universidades e institutos federais. Em Minas, mais de 50 municípios receberam novas unidades das instituições.

As universidades federais de São João Del Rei (UFSJ), de Viçosa (UFV) e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) foram algumas das que vivenciaram ampliação durante os governos do petista.

“A UFSJ praticamente explodiu. Para se ter uma ideia, em 1989, eram 1840 alunos. Hoje, já são 18 mil. Houve a construção de novos laboratórios e um avanço imenso na pesquisa. A universidade deu um salto enorme, durante os governos Lula”, conta Sálvio, que é morador do município.

As gestões do ex-presidente também foram responsáveis pela criação de mais de 40 institutos federais (IF) em Minas. Nas instituições, jovens podem estudar gratuitamente, desde o ensino médio ao ensino superior.

Nascida em Araçuaí, um dos municípios onde foi construído um campus do Instituto Federal, Júlia Gomes conta que toda a sua trajetória foi atravessada pelas políticas educacionais dos governos Lula.  A jovem quilombola, de 25 anos, cursou o ensino médio no IF e, posteriormente, obteve o diploma de assistente social pela UFVJM.

“Eu costumo dizer que eu sou fruto das políticas públicas dos governos petistas no Brasil. Aos 15 anos, me inseri no IF, ali minha cabeça abriu para muita coisa. Foi lá que eu consegui ter uma perspectiva de futuro. Depois, eu passei na UFVJM, outra conquista e política pública do PT”, relata Júlia.

Ela conta que, para a juventude da região, as instituições representam uma oportunidade de mudança de vida. “São necessárias e fundamentais para que os jovens tenham perspectiva de estudo, de se profissionalizar e se qualificar. Além disso, de ter uma formação pessoal e humana, que é o diferencial das universidades públicas. Se não fosse a UFVJM, eu não teria como me formar”, destaca.

Habitação

Pactuado com os movimentos populares, em 2003, Lula criou o extinto Ministério das Cidades, com o objetivo de reduzir as desigualdades de acesso à moradia. Com a criação do órgão, foram construídos marcos que garantem direito à infraestrutura urbana, saneamento e habitação para vilas e favelas do Brasil.

Em 2006, Lula cria o Fundo Nacional de Habitação e direciona que os municípios brasileiros desenvolvam políticas habitacionais, com participação popular.

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Como consequência dessa política, a criação de programas como o de Aceleração de Crescimento (PAC) e o Minha Casa Minha Vida também tiveram impactos positivos para a população das periferias mineiras.

“Foi uma conquista muito grande. Aqui em Belo Horizonte, por exemplo, nós recebemos recursos do PAC para a urbanização do bairro Taquaril. Nós reassentamos quase mil famílias que estavam em área de risco”, conta Edneia Aparecida de Souza, diretora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, em Minas Gerais.

Na avaliação de Edneia, as políticas dos governos Lula representaram uma nova forma de olhar para as populações mais vulneráveis do país. “A população da periferia começou a receber os benefícios garantidos constitucionalmente, a partir desse olhar humano que o governo Lula conseguiu trazer pela primeira vez na história do país”, completa.

Saúde

Programas de saúde criados pelos governos petistas, como o Farmácia Popular e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), também foram responsáveis por mudanças diretas na vida do povo de Minas Gerais.

Para se ter uma ideia do impacto, em 2016, quando Dilma Rousseff (PT) deixou a presidência, mais de 260 municípios mineiros recebiam o atendimento do Samu. No mesmo ano, calcula-se que no estado havia mais de 6 mil pontos de Farmácias Populares.

Segundo a médica e ex-secretária adjunta de saúde da capital mineira, entre  2003 e 2008, Maria do Carmo, durante as gestões de Lula ainda houve a ampliação de leitos qualificados  de hospitais de Belo Horizonte para o  atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“A Santa Casa chegou, em grave crise financeira, a 40 leitos ativos, passando para mais de mil leitos SUS. Além disso, hospitais como o São José, o São Francisco e a própria Santa Casa, aderiram 100% ao Sistema Único de Saúde”, conta Maria do Carmo.

A médica conta ainda que o Hospital Risoleta Neves, que funcionou durante anos com poucos leitos, também foi beneficiado pelos governos petistas.

“Graças aos recursos injetados pelo governo federal e a participação das secretarias estadual e municipal de Saúde, houve a viabilização da ativação do Risoleta, sendo o principal hospital, com mais de 350 leitos, para mais de um milhão de habitantes do vetor Norte de BH”, destaca.

Para ela, ao confrontar os avanços ocorridos no governo Lula, em Minas, com o desmonte das políticas de saúde, promovido pelo governo de Jair Bolsonaro, fica nítida a diferença entre os projetos dos presidenciáveis.

“Vemos de um lado um candidato que na campanha eleitoral nunca falou sobre seus planos para o SUS, para a saúde dos brasileiros e das brasileiras. Será um plano de continuidade do desmanche. De outro lado, temos o candidato que fala sobre vida, sobre respeito às pessoas e tem propostas concretas para investir, reconstruir, aperfeiçoar e inovar o SUS”, destaca.

Edição: Larissa Costa