Mais de 50 páginas produtoras de conteúdos de humor, os memes, articuladas no coletivo “Memeverrso”, lançaram um manifesto em defesa da democracia e pela eleição de Lula (PT).

Responsáveis por dialogar diretamente com cerca de 24 milhões de pessoas, por meio de seus canais nas redes sociais, os produtores de conteúdo afirmam que não poderiam deixar de se posicionar neste momento tão crucial da história brasileira.

“Nos compreendemos como agentes políticos de informação e, dentro do atual cenário brasileiro, nos posicionamos contra as medidas adotadas, nos últimos quatro anos, pelo presidente Jair Messias Bolsonaro”, diz a carta.

Entre as políticas de Bolsonaro (PL), criticadas pelo coletivo, estão o armamento da população, a demora em enfrentar com seriedade a pandemia de covid-19 e o desmonte dos setores do trabalho, da saúde e da cultura.

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Na avaliação do grupo, o atual presidente é expressão de uma “política guiada pelo desprezo à vida”. Por esse motivo, eles declaram apoio e pedem voto para o candidato do PT, Lula. 

Leia o manifesto completo:

Memes também são políticos: manifesto de páginas sobre o segundo turno das eleições

Em poucos dias, estaremos diante de uma dura prova que testará mais uma vez a nossa frágil e jovem democracia. No dia 30 de outubro, saímos de casa para exercer nosso direito de voto, participando do segundo turno das eleições presidenciais do Brasil. Eleições essas disputadas por dois projetos de governo antagônicos.

Você pode estar se perguntando por que tantas páginas com conteúdos distintos de humor se uniram para falar sobre política. Ora, essa resposta é muito simples: tudo é político. E nós, como agentes de informação e de conteúdo, que são absorvidos por milhões de pessoas diariamente (24 milhões mais precisamente falando, com a soma de seguidores de todas as páginas), não poderíamos deixar de nos posicionar em um momento tão ímpar da história brasileira. Indo direto ao ponto, abrimos nossos votos: no dia 30 de outubro de 2022, votamos 13. No segundo turno das eleições, votamos Lula.

Mas vamos elucidar essa questão, caro leitor. Afinal, a dúvida que paira é: o que páginas de humor, como as nossas, querem dizer com isso, certo? Então, vamos lá! Nós entendemos que, hoje, mais do que provocar boas risadas de internautas, memes são potentes ferramentas de informação. Isso porque memes são intrínsecos à história do mundo digital. Apesar de não serem chamados como tais nos anos 90, a consolidação da linguagem memética se espalhou pela web em uma escala exponencial. Nós conversamos por meio de memes. Nós nos conectamos por meio de memes. Nós existimos, no mundo digital, por meio de memes. Por isso, páginas como as nossas não devem jamais se prender somente à linha do entretenimento, como muito se viu fazer no surgimento de meios de comunicação, como a televisão, por exemplo. Nós entendemos nossa existência como criadores e influenciadores de tendências e discussões, ainda que grande parte seja voltada ao conteúdo humorístico.

Por meio da nossa adaptação de informações e com diferentes linguagens, conseguimos nos conectar e conectar públicos distintos, que surgem de realidades e vivências que não necessariamente se conversam. Afinal, diferentemente do mundo real, a internet se apresenta como um espaço muito mais democrático do que as ruas das cidades.

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Cabe a nós, portanto, explorar a possibilidade de discutir e apresentar pautas antes invisibilizadas em um sistema político no qual o mercado e os interesses das elites (bancos e corporações) são colocados em primeiro lugar. Nós entendemos que, por meio do mundo digital, somos, sim, capazes de pautar o mundo real. Isso porque um nunca será alheio ao outro – pelo contrário. Como agentes digitais, somos também agentes sociais.

Por isso, publicamos este manifesto. Nos compreendemos como agentes políticos de informação e, dentro do atual cenário brasileiro, nos posicionamos contra as medidas adotadas, nos últimos quatro anos, pelo presidente Jair Messias Bolsonaro. Medidas essas que levaram 33 milhões de brasileiros à fome, mais de 680 mil mortos durante a pandemia da Covid-19. Também nos posicionamos contra o crescimento de quase cinco vezes das licenças de armas e a perseguição à imprensa. Esquecemos também de citar o desmonte de políticas trabalhistas e do sistema de saúde. Ou, quem sabe, do setor cultural. Poderíamos, na verdade, elencar tantas outras consequências da governança dos últimos anos, mas, mais do que todas as já citadas, precisamos destacar que o governo de Bolsonaro ameaça a democracia brasileira.

Mais uma vez, como agentes políticos de informação, jamais iremos arredar o pé da luta pela democracia. Afinal, por trás das nossas páginas de humor, nós também somos cidadãos brasileiros. Nós fazemos parte do setor cultural, somos trabalhadores de diferentes áreas, somos pessoas comuns que desfrutam do sistema público de saúde e que são afetados diretamente pelas medidas adotadas pelo atual governo. Mais do que discordar de suas políticas, nos posicionamos contra o negacionismo, o fascismo, o racismo, a LGBTfobia, o machismo e todo e qualquer tipo de ataque aos direitos humanos e às minorias. Por isso, nos posicionamos contra Bolsonaro e toda sua política eugenista. Porque Bolsonaro é, sim, a consolidação da política guiada pelo desprezo à vida.

No dia 30 de outubro de 2022, votamos 13.

No segundo turno das eleições, votamos Luís Inácio Lula da Silva.

 

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Edição: Larissa Costa