Garantir a cidadania e amenizar o sofrimento das pessoas que estão em situação de rua. Esses são alguns objetivos da acolhida solidária da Pastoral de Rua de Belo Horizonte. O atendimento realizado periodicamente na região central de Belo Horizonte oferta café da manhã, orientação sobre acesso a direitos básicos, como atendimento de saúde, e conquista de políticas de moradia. Diariamente, uma média de 70 pessoas são atendidas.
Desde 2008, Luiz Fernando é atendido pela comunidade religiosa. Agora, ele também atua como voluntário no projeto. Para o trabalhador, mais do que um ponto de apoio, o espaço é um local que oferece dignidade à população em situação de rua. “Eu me sinto protegido, eu me sinto acolhido, me sinto bem. Ao contrário de quando estou andando na rua. Ninguém aqui sente medo de mim, me trata como um possível ladrão, um criminoso, um bandido”, declara.
Nanci Gonçalves é atendida pela pastoral há quase 20 anos. Recentemente, ela conquistou um auxílio aluguel com o apoio da entidade. Além de ser voluntária no projeto, ela coloca em prática o apoio que recebeu na pastoral. “Com o pouquinho que eu ganho, ajudo as pessoas que não têm nada. Se chega uma pessoa com fome, eu ajudo. Eu tirei um rapaz da passarela, cuidei, dei comida, arrumei um quarto para ele, porque ele vivia jogando", conta.
Números só aumentam
De 2020 a 2022, a população em situação de rua em Belo Horizonte saltou de 4 mil para mais de 10 mil pessoas, de acordo com dados do Programa Pólos Cidadania da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). No Brasil, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) essa população ultrapassa 200 mil pessoas. No entanto, as políticas públicas não têm acompanhado o agravamento das condições sociais.
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“A principal política que nós temos para as pessoas em situação de rua com certeza é o acesso à moradia. E a gente percebe, infelizmente, que quanto mais o tempo passa, menos política temos para essa área, especialmente para pessoas em extrema vulnerabilidade”, ressalta Felipe Marcelino, agente da Pastoral de Rua de Belo Horizonte, se referindo à paralisação de programas como o “Minha casa minha vida”.
A entidade, que desde 1987 atua com a população de rua, avalia ainda que a nível nacional há um desmonte de serviços fundamentais à comunidade, como a geração de trabalho e renda, e a promoção de atendimento à saúde mental.
O forte incentivo financeiro e político às comunidades terapêuticas em detrimento de investimentos nos Centros de Saúde Mental do Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos problemas levantados. “Mesmo com todo avanço, infelizmente tem um esvaziamento e sucateamento dos SUS, que é tão importante para proteger e garantir a dignidade das pessoas", destaca Felipe.
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Edição: Larissa Costa