No último dia 18 de abril, o Presidente Lula, ainda pré-candidato, em entrevista a uma rádio do Tocantins, afirmou que a recuperação industrial só será possível graças a investimentos pesados em educação, ciência e tecnologia. Como mineiro e conhecendo o potencial do nosso estado, ouso dizer que o novo ciclo de desenvolvimento que o Brasil irá experimentar passa obrigatoriamente por Minas Gerais.
Apesar dos recorrentes governos neoliberais, Minas Gerais vem se mantendo como um dos estados com a melhor educação básica no Brasil, apresentando indicadores com média superior aos demais estados do Sudeste. O índice de desenvolvimento da educação básica (IDEB) em 2005 era de 3,4 e em 2019, no primeiro governo petista no estado (2015 a 2018), o IDEB foi 4,0. Estes números nos mostram o esforço e compromisso das educadoras e educadores mineiros com a formação das nossas crianças e jovens.
Minas Gerais abriga o maior número de universidades federais do Brasil. São 22 instituições de ensino superior, dentre institutos e universidades federais, com 71 campi. O estado possui três instituições estaduais e diversas faculdades, centros universitários e universidades privadas e filantrópicas. Ao todo, o sistema de ensino superior está presente em 253 municípios, o que torna Minas Gerais o estado com a maior proporção de doutoras e doutores no interior, um dos grandes diferenciais do estado.
:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::
No mundo inteiro o desenvolvimento científico e tecnológico está localizado junto a universidades de excelência. Minas Gerais, com incentivos constantes e adequados, pode no médio e longo se tornar o Vale do Silício brasileiro.
Berço da industrialização
Quando olhamos para o passado, Minas Gerais foi um dos berços da industrialização brasileira nos campos da metalurgia, da produção de automóveis, da biotecnologia, da indústria farmacêutica, do agronegócio e diversos produtos de alto valor agregado.
Lamentavelmente, por ser o segundo estado mais industrializado do Brasil, Minas Gerais sofre os efeitos diretos da desindustrialização brasileira, tornando-se cada vez mais dependente da venda de commodities. Lembro-me muito bem que na primeira década deste século, Minas teve crescimento semelhante ao crescimento chinês, graças à venda de minério de ferro ao país asiático. A China freou seu crescimento e o resultado foi a crise financeira que o estado vem atravessando desde 2015.
Lamentavelmente, o único governo petista que Minas Gerais recebeu um estado quebrado e sem capacidade para investimento. Somada a tudo isso, tivemos o golpe parlamentar que derrubou a presidenta Dilma e que resultou na falta de investimentos federais pelo restante do governo Pimentel.
Apesar disso, Pimentel e sua equipe, conhecendo os potenciais de nossa terra, apontou o caminho da necessidade da diversificação econômica. Um dos grandes legados deste período foi o decreto que regulamentou o Marco Legal da Inovação em Minas Gerais, uma pauta travada por anos. Naquele período foram dadas as diretrizes para tornar Minas Gerais um polo de biotecnologia no Brasil. Lamentavelmente, talvez por revanchismo, Zema não deu sequência e o estado perdeu quatro anos de desenvolvimento.
Novo ciclo
O presidente Lula já mostrou que sabe usar nossos potenciais para fazer o Brasil se desenvolver. Lula, mais que ninguém, sabe que o país precisa de um crescimento sustentável e de um novo ciclo de industrialização. Isso só será possível com mão de obra qualificada e com visão de inovação. Para isso, como fez no passado, mais investimentos em educação, ciência e tecnologia serão necessários.
Minas Gerais tem tudo isso distribuído em todas as suas regiões. O Brasil, no novo governo Lula, poderá dar um salto para o futuro e este salto passa por Minas Gerais.
Rodrigo Leite é biólogo (UFMG) é pesquisador de saúde e tecnologia da Funed, e coordenador do Setorial de Saúde do PT de Minas Gerais
Edição: Elis Almeida