O último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), na quarta (16), mostra que a proporção de testes positivos, em relação ao número total de testes feitos na cidade, cresceu de 3% para quase 20% dentro de três semanas. O crescimento coloca a cidade de Belo Horizonte no mesmo caminho de estados que já têm relatado uma nova onda de contaminação por coronavírus.
Segundo o médico infectologista Estevão Urbano, ex-integrante do Comitê de Enfrentamento à Covid de Belo Horizonte, o percentual “mostra o espalhamento do vírus e uma tendência grande a uma nova onda”.
“Nós temos que estar atentos para saber, inclusive, o tamanho que essa onda tomará e as consequências a nível de internação, óbito etc. Temos que ficar em alerta máximo neste momento”, sustenta.
Nova variante
O aumento pode estar relacionado a uma nova cepa do coronavírus, chamada BQ.1, sub-variante da linhagem ômicron, ou à circulação de duas novas variantes do vírus Sars-Cov-2. De acordo com o infectologista, não é possível afirmar que a cepa BQ.1 seja mais letal, mas já há o consenso de que sua transmissão é mais rápida.
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“Essa cepa consegue driblar os efeitos protetores da vacina e provocar casos leves, mas não consegue aumentar a mortalidade”, avalia.
“Mesmo havendo esse escape aos anticorpos, as nossas defesas de infecções prévias e as vacinas suportam os indivíduos contra as infecções severas. Porém, ela se torna mais perigosa para pessoas não vacinadas, pessoas que sejam muito imunossuprimidas ou muito idosas”, conclui.
Medidas de controle
A Prefeitura anunciou, na tarde desta quinta (17), a volta do uso de máscaras em veículos de transporte (ônibus, metrô, táxis e aplicativos) e unidades de saúde (hospitais, centros de saúde etc.). Segundo Cláudia Navarro, Secretária Municipal de Saúde, o decreto deve ser publicado nesta sexta-feira (18) e tem, inicialmente, validade de 15 dias.
A orientação federal também é pela volta do uso de máscaras, conforme nota técnica da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, divulgada no domingo (13).
A prefeitura reforça a necessidade do teste laboratorial para pessoas com sintomas gripais e a vacinação para toda a população.
Já o governo de Minas, até o momento, segue classificando o uso de máscaras como opcional para a população em geral, mas recomendável para pessoas com sintomas gripais e os grupos vulneráveis (idosos e portadores de comorbidades).
Vacinação: confira a sua faixa-etária
As pessoas não vacinadas ou que não completaram o esquema vacinal são o motivo da maior apreensão para as autoridades. Tanto a PBH quanto o governo de Minas apostam na imunização como a grande proteção contra a nova onda.
No entanto, em Minas Gerais, quatro entre 10 pessoas não tomaram a dose de reforço da vacina contra a covid, já disponível para toda a população acima de 12 anos.
A segunda dose de reforço, para pessoas acima de 40 anos, foi tomada por apenas 41% da população mineira. Das crianças entre 3 e 11 anos, mais da metade ainda não se imunizou com a segunda dose.
Saiba se você já deveria ter tomado
Segundo informações do governo de Minas Gerais, as faixas-etárias abaixo devem procurar os postos de saúde em todo o estado para completar seu esquema vacinal. O esquema primário significa duas doses ou a dose única da Janssen, com exceção das crianças de 6 meses a 2 anos com comorbidade.
Crianças de 6 meses a 2 anos com comorbidades: esquema primário (nesse caso, tem três doses)
Crianças de 3 anos a 11 anos: esquema primário
12 a 17 anos: esquema primário + primeira dose de reforço
18 a 39 anos: esquema primário + primeira dose de reforço
Trabalhadores da Saúde: esquema primário + duas doses de reforço
Pessoas imunocomprometidas: esquema primário + duas doses de reforço
40 anos ou mais: esquema primário + duas doses de reforço
Edição: Larissa Costa