No mais: obrigado, Bituca.
“Tudo que move é sagrado. E remove as montanhas com todo cuidado, meu amor.” Aquele domingo não seria um domingo qualquer. Os deuses de todas as galáxias estariam presentes para terem o privilégio de assistirem ao vivo ao nosso Bituca.
Eu também como um súdito dos mais comuns seria, naquele dia, um privilegiado entre 60 mil pessoas embevecidas, eufóricas e ansiosas. Agradeço o ingresso – um presente - a uma pessoa muito especial e amada!
O Mineirão, que já foi palco de grandes partidas de futebol e espetáculos, naquele domingo, dava de 7x1 em nossos corações. Era um gol de placa de um craque das melodias e das harmonias.
Logo na abertura daquele show divino, os Tambores de Minas davam o tom e nos remetiam a nossa mãe África. Bom lembrar que nosso Bituca é filho da Mama África. Mãe solteira. Empregada doméstica. “Maria, Maria que mistura a dor e a alegria”.
Alegria é que não faltava naquele grande estádio. O povo chorava de emoção a cada canção. Nosso Bituca é som, é cor, é “tudo de bão” e mais alguma coisa. Viva a travessia desse gênio. Desse nosso irmão.
Não vou mentir: deu um orgulho danado de ser mineiro. A música que cantei com mais garra e alegria tem este refrão: “Eu sou da América do sul/ Eu sei, vocês não vão saber/ Mas agora sou cowboy/ Sou do ouro, eu sou vocês/
Sou do mundo, sou Minas Gerais”.
Na verdade, sou muito medíocre para traduzir com palavras aquele domingo divino dos deuses. Só me lembro daquele povo emocionado e alegre. Esse show divino merecia ser assistido por milhares de pessoas num espaço aberto e livre. Infelizmente, é muito caro para a maioria das pessoas. Não poderia deixar de lembrar isso.
No mais: obrigado, Bituca.
Rubinho Giaquinto é covereador pela Coletiva em Belo Horizonte.
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Este é um artigo de opinião e a visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Elis Almeida