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Coluna

Projeto derrotado nas urnas, precisa ser derrotado na sociedade

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Divulgação - PT
Eleitorado optou por dar um basta a violência

Passado um mês da vitória popular nas eleições presidenciais, um punhado de apoiadores mais fanáticos do candidato derrotado acampam em portas de quartéis, em criminosas “manifestações” golpistas com a conivência das autoridades.

Em Belo Horizonte, como em outras localidades, elas contam com estrutura de megaevento, demonstrando sobretudo a obstinação de seus financiadores. Para além desse triste espetáculo, a última semana foi marcada por outros acontecimentos que, no apagar das luzes do pior governo da nossa história, nos lembram da herança maldita que deixa o bolsonarismo na sociedade.

No dia 25, um jovem de 16 anos, branco, invadiu uma escola em Aracruz (ES) portando uma arma de fogo do pai e símbolos nazistas e disparou contra professoras e estudantes. O atentado deixou 4 vítimas fatais, incluindo uma criança de 12 anos, e mais de uma dezena de feridos.

Entre as vítimas fatais estava a professora Flávia Amboss Merçom Leonardo, cientista, militante e defensora dos direitos dos atingidos pelo crime da Vale na bacia do Rio Doce. Poucos dias depois, no dia 29, um novo atentado, dessa vez em nosso estado: duas escolas em Contagem amanheceram vandalizadas, com simbologia e mensagens nazistas pichadas nas paredes e uma exposição em referência ao Dia da Consciência Negra foi destruída.

A facilitação do acesso e o culto às armas de fogo, a banalização da violência e da morte, o racismo e a misoginia, bem como a normalização de ideologias como o nazismo, são parte do projeto bolsonarista. Projeto que foi derrotado nas urnas, mas que foi capaz de se enraizar em uma parcela minoritária do nosso povo.

No novo governo, esse projeto não mais terá a legitimidade e os instrumentos de fazer política do governo federal. Apesar de Bolsonaro ter jogado seu jogo mais baixo, sem poupar mentiras e cometendo um sem-número de crimes eleitorais, a maioria do eleitorado optou por dar um basta nesse projeto de morte.

Investigar, punir e politizar

Contudo, não podemos supor que o fascismo brasileiro, fora do governo, desaparecerá espontaneamente. Será necessário empenho e inteligência no debate de ideias e na reconquista, pelas forças democráticas e populares, dos setores da população que foram seduzidos pelo projeto eleitoral bolsonarista.

Urge ainda a investigação e punição exemplar aos responsáveis pelos crimes cometidos pelo bolsonarismo no governo e no período de campanha, incluindo as redes de disseminação de discurso de ódio e informações falsas e os atos golpistas pós-eleições.

E, do lado de cá, a dor e a memória dos que perdemos deve tornar-se combustível para a luta por uma sociedade mais justa, inclusiva e fraterna.

Edição: Elis Almeida