As eleições de 2022 foram decisivas para os rumos da política nacional e estadual. Além de um importante colégio eleitoral, Minas Gerais também é objeto de observações para o resto do país, por sediar disputas e temas significativos aos brasileiros. Por isso, o Brasil de Fato MG resgatou alguns acontecimentos que marcaram os debates no estado neste ano. Confira!
Acirramento político
Assim como ocorreu no cenário nacional em 2022, a escalada da violência política também deu o tom em Minas. Deputadas mineiras, como Andréia de Jesus e Beatriz Cerqueira, ambas do Partido dos Trabalhadores, foram vítimas de ataques virtuais e até mesmo de ameaças de morte.
A luta contra crimes ambientais e pela preservação da natureza foi tema central no estado neste ano, principalmente a queda de braço travada entre a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte e o governador Romeu Zema (Novo), com relação ao destino da Serra do Curral.
Com a reeleição de Zema, a deputada Beatriz Cerqueira, avalia que o cenário no estado deve se agravar nos próximos anos. “A situação é muito crítica, porque a aliança estratégica em curso fortalece os grandes empreendimentos minerários no estado. Nós precisamos rever essas legislações”, alerta.
Luta contra privatizações
A batalha dos mineiros contra as privatizações também marcou o ano. Na educação, professores e trabalhadores do setor organizaram greves e manifestações contra projetos que entregam a educação pública à iniciativa privada, como o programa Mãos Dadas, proposto pelo governo estadual.
Cenário semelhante ao dos trabalhadores da Cemig e da Copasa, empresas que também estão em vistas de serem entregues ao setor privado, com a adesão do governo ao Regime de Recuperação Fiscal.
A luta contra as privatizações também foi protagonizada pelos funcionários de empresas federais sediadas em Minas, como a CeasaMinas. Recentemente, os trabalhadores conquistaram a suspensão do leilão da empresa pública.
Atualmente, a principal articulação dos trabalhadores mineiros é contra a venda do metrô de BH. Desde o dia 14 de dezembro, os metroferroviários estão em greve contra o leilão da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). De acordo com o Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (Sindimetro-MG), a manifestação é uma das maiores da categoria.
Nesta quarta (21), o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) enviou um ofício ao atual ministro da economia, Paulo Guedes, pedindo a suspensão do leilão de privatização do patrimônio, previsto para esta quinta (22). Medida semelhante também foi adotada pelo deputado federal Rogério Correia (PT), que acionou a Justiça, na terça (20) para tentar barrar o processo.
Alda Santos, presidenta do Sindimetro, avalia que o momento é decisivo. “Ou vai ou racha, não tem outra solução. Belo Horizonte tem que conhecer os metroviários e a força da nossa categoria”, comenta.
Conquistas dos trabalhadores
Apesar dos desafios, os mineiros tiveram importantes vitórias neste ano, como a dos trabalhadores do Shopping da Minhoca, que viviam do comércio de itens de pesca no Rio Paraopeba, em Brumadinho. Após três anos de luta, eles foram reconhecidos como vítimas do crime ambiental e conquistaram direito à indenização.
Outra reparação histórica foi o registro do Largo do Rosário como patrimônio imaterial de Belo Horizonte. O território é sagrado para a população negra e foi dizimado durante a construção da cidade.
Para o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos de Belo Horizonte (Sindibel) e novo vereador da capital Bruno Pedralva (PT), uma das principais vitórias do ano foi a derrubada da reforma da Previdência municipal.
“Com uma mobilização grande dos trabalhadores e das trabalhadoras da prefeitura, a gente conseguiu barrar essa reforma”, celebra. O futuro parlamentar avalia que, para 2023, um dos principais desafios para os mineiros, será conquistar um alinhamento às políticas que serão implementadas no cenário nacional pelo governo Lula.
Edição: Larissa Costa