É hora de chamar mais pessoas para continuar essa construção
A esperança talvez seja a palavra mais significativa para descrever o que vem acontecendo nos corações de milhões de brasileiras e brasileiros nessas primeiras semanas do ano de 2023. Por mais triste que seja o ato de vandalismo que aconteceu em Brasília neste janeiro, serviu para provar que estamos no caminho certo.
Nossas mentes e corações ainda estão cheios das imagens dos atos de rua que elegeram Lula. Os tons de verde, amarelo, vermelho, preto, lilás e de tantas outras cores avivadas na nossa diversidade apresentam a importância das lutas construídas pelo povo. A classe trabalhadora é não desiste de construir um projeto popular para o Brasil.
Para que esse projeto de mudança deixe o passado violento, patriarcal, patrimonialista e autoritário para trás, a nossa luta ainda não acabou. Para virar essa página é preciso apostar na potencialidade que os movimentos sociais, sindicais e populares carregam enquanto memória, aprendizado e resistência.
Sabemos que o fascismo e a indústria da desinformação ainda são uma realidade e precisamos estar atentos
Após vivenciar um golpe de Estado, em 2016, o povo brasileiro não deixou de lutar. Os anos de 2016 a 2022 foram marcados pelo aumento da pobreza e da fome, pela retirada de direitos e pela violência policial, pela ampliação do racismo e do feminicídio. Mas os movimentos e organizações populares estavam nas ruas denunciando este cenário, sem desistir.
O atual capítulo da luta de classes, escrito dia a dia em nosso país, foi o espelho para o Fora Temer que barrou diversos retrocessos na pauta das contra-reformas trabalhista e previdenciária. Novamente estavam os movimentos no “Ele Não” e no Fora Bolsonaro denunciando a desinformação e o genocídio. A organização de comitês populares construiu alternativas para a liberdade de Lula e também para a sua vitória eleitoral.
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Passada a posse do atual presidente, as frentes de luta serão motor de cobrança e sustentação para garantir um governo do povo, para que seja o mais democrático e esperançoso de todos os tempos.
Mas sabemos que o fascismo, o ódio e a indústria da desinformação com sua enxurrada de mentiras, ainda são uma realidade e precisamos estar atentos. O projeto popular, além de vitória eleitoral, exige a organização da sociedade longe da opressão do sistema capitalista. O capitalismo é o motor da desigualdade social e econômica.
Não é possível viver em um país que, em uma esquina há alimentos em abundância e na outra milhões de famintos. Os poucos bilionários que vivem na opulência do capital, se sustentam na exploração de miseráveis.
A sociedade precisa de uma cidadania que garanta um modelo de seguridade social ampliada. É necessário fortalecer as políticas de saúde, previdência e assistência social, mas essa seguridade só será condizente com o seu papel de proteção quando desenvolvida por meio das potencialidades intersetoriais junto as políticas de educação, cultura e lazer. O país precisa de outro modelo econômico que vise fomentar novas estruturas de trabalho e renda.
É hora de chamar mais pessoas para continuar essa construção
A construção do projeto popular se dá nas ruas, nos atos, no diálogo com familiares e com as pessoas que mais convivemos, seja no trabalho ou na vizinhança. Superar os muros da indiferença é reconhecer que ainda tem muita gente para construir conosco este projeto de Brasil.
A esperança é enorme e o amor é sentimento mais fácil de ser semeado do que o ódio. Nosso plantio deve ser cotidiano no campo e na cidade, nas fábricas e nos becos. Deve estar dentro do ônibus ou no almoço de domingo em família. Se reconhecer enquanto classe trabalhadora.
É hora de chamar mais pessoas para continuar essa construção. É hora de valorizar os movimentos e as organizações que fizeram o trabalho de base, mesmo no momento em que existia o risco da pandemia, a ameaça da violência e a realidade da fome. Todo poder ao povo!
Leonardo Koury Martins é assistente social, professor, conselheiro do CRESS-MG e militante da Frente Brasil Popular.
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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Elis Almeida