Assumo o compromisso de um segundo mandato e de ser a primeira mulher negra vice-presidenta da ALMG
Por muitos anos, militei entre os movimentos sociais da minha cidade e região numa luta incessante por garantia de direitos. Direito à vida, à água, à terra, ao território, aos saberes, ofícios, práticas e tudo o que remete ao modo de vida e identidade de um povo e de uma comunidade tradicional, a luta por dignidade, por soberania alimentar, por trabalho e renda.
Foi nesse meio que me formei como cidadã. E foi nesse caminho que a militância sindical e ideológica me conduziram para a luta partidária. Assim, me tornei um ser político. Do chão do mundo para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Mulher, negra, professora, periférica, sem tradição ou herança política, me tornei a primeira deputada negra eleita pelo meu partido a uma vaga no parlamento.
Lá se vão quatro anos de muito aprendizado, luta e resistência. Um mandato construído de forma coletiva e popular, pautado nas necessidades do povo, especialmente o povo negro e empobrecido do nosso estado, da minha região. Um mandato a serviço de quem foi abandonado por um Estado insensível e ineficiente.
Quatro anos buscando soluções e alternativas para aqueles e aquelas que resistem para salvar territórios, povos e o meio ambiente da ação devastadora de empreendimentos, como a mineração e a silvicultura.
Rememoro as lutas do lado de fora da Assembleia. Mas, saibam, interna e cotidianamente, travamos lutas, batalhamos sempre. Penso ser determinante falarmos da luta por liberdade e autonomia sobre o exercício da nossa ação parlamentar.
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É nesse contexto, que assumo o compromisso de um segundo mandato e, de modo especial, a condição de ser a primeira mulher negra vice-presidenta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Para quem sempre esteve nos bastidores da política, tenho me permitido aventurar pelo caminho do pioneirismo. Primeira líder da Bancada Feminina da Casa e agora a primeira negra a compor a Mesa Diretora.
Me orgulha, sobretudo, representar os Gerais, junto com o deputado Tadeu Martins Leite, o Tadeuzinho, meu conterrâneo, parceiro de bancada do Norte, para compor uma nova legislatura e um novo jeito de pensar no Poder Legislativo. Servir o nosso povo, nossa gente, colocando na centralidade da nossa ação o melhor para o Estado de Minas Gerais.
A luta por liberdade e autonomia, estampada em nossa bandeira, cantada em verso e prosa, é a nossa identidade. É balizada nesse sentimento genuíno que assumo com responsabilidade a tarefa de ser na Assembleia representante daqueles e daquelas que ainda não puderam falar e ser ouvidos.
Reafirmo o compromisso de lealdade às causas e bandeiras que me fizeram chegar até aqui, sem radicalismo, exercitando o diálogo como prática, a escutatória como método e o respeito às diferenças e divergências, buscando o melhor para todos e todas.
Liberdade, ainda que tardia, mas sempre.
Leninha Souza é deputada estadual pelo Partido dos Trabalhadores e vice-presidenta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal
Edição: Larissa Costa