Minas Gerais

MOBILIZAÇÃO

Moradores de BH seguem em luta por criação de parque no Jardim América

Defensores do meio ambiente questionam licenciamento ambiental de construtora na região

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Mata do Jardim América possui mais de 21 mil metros quadrados - Foto: Google Maps / GESTA

Moradores da região Oeste da capital mineira seguem em luta pela implantação de um parque em uma das últimas áreas verdes da cidade. Ao todo, a mata do bairro Jardim América possui mais de 21 mil metros quadrados. Como dificultador da proteção do território, a população enfrenta interesses de empreendimentos imobiliários.

 

Um abaixo-assinado, com quase 20 mil signatários, organizado pelo movimento SOS Mata do Jardim América, chama a atenção da sociedade para a necessidade de se mobilizar em defesa da mata e pela construção do parque.

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Mesmo o Plano Diretor de Belo Horizonte considerando a região como Área de Preservação Ambiental (PA1) – a classificação de maior proteção –, desde 2019, existe em curso um processo de licenciamento da construtora Masb para construir seu empreendimento no local.

No abaixo-assinado, os signatários denunciam que a licença à empresa prevê a derrubada de 456 árvores. Na avaliação da militante em defesa do meio ambiente Adriana Souza, os interesses da população e da construtora se chocam diretamente.


“Parque Jardim América”, na região oeste de BH, tem 20 mil metros quadrados / Reprodução

“Ali tem jacarandás, ipês e cedros que demoraram dezenas de anos para crescer. O que a gente defende para Belo Horizonte é uma cidade jardim para todos. Queremos garantir um futuro com sustentabilidade, com um desenvolvimento ambientalmente orientado, para combater o cenário de emergência climática e garantir uma cidade com saúde coletiva”, destaca.

Luta é antiga

A luta pela preservação do território e criação de um parque já tem quase uma década. Na região, localizada na periferia de Belo Horizonte, vivem quase 150 mil habitantes, em dez bairros diferentes.

Ao considerar os índices da Organização Mundial da Saúde (OMS), os territórios próximos à mata possuem nível de área verde por habitante abaixo do recomendado.

A vice-presidenta da Associação Comunitária, Social, Cultural e Desportiva (ACSCD) do Jardim América Luara Colpa relembra que, inicialmente, os moradores poderiam perder toda a área verde.

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“A luta começou quando observamos que todo o quarteirão da mata se tornaria edifícios arranha-céus, em 2012. Na época, ainda não existia Plano Diretor e nem preservação ambiental para a área. Então começamos uma luta popular, com reuniões abertas, que tiveram ampla divulgação”, conta.

Luara relata que, como método de diálogo com a sociedade, a associação construiu carnaval de rua, piqueniques, diálogo com líderes religiosos e outras atividades.

“Começamos também a dialogar com arquitetos e advogados populares para nos ajudarem com o que deveria ser feito no território. Tivemos uma luta muito árdua na Câmara Municipal e no Judiciário. Inicialmente, íamos perder tudo, mas conseguimos garantir um acordo”, completa Luara, que conta que o acordo garantiu a preservação da maior parte da área.

Para movimento, solução seria um parque

Membro do movimento “Parque Já” e presidente da ACSCD Anito Mário Mendes afirma que é um dos “guardiões da mata” e que, além de preservar, a criação de um parque na região melhoraria a qualidade de vida da população.

“A região é muito carente de espaço público, de lazer e de cultura. O parque Jardim América atingiria dez comunidades e o ganho seria maravilhoso”, destaca.

Edição: Larissa Costa