Minas Gerais

IMPRUDÊNCIA

População de Patrocínio (MG) se mobiliza contra corte de 490 árvores saudáveis

Obra da prefeitura planeja diminuir canteiro de avenidas centrais a 80 centímetros, com apenas um tipo de árvore

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Na imagem, árvores na avenida Altino Guimarães, que serão suprimidas - Foto: Google Maps

Uma obra de grande proporção na cidade de Patrocínio, no Triângulo Mineiro, promete resolver o atual problema de enchentes no município. A grande questão é que, para isso, irá retirar 490 árvores saudáveis que servem atualmente de moradia e abrigo de pássaros, além de compor o principal local de lazer dos patrocinenses.

O projeto vai reformar as principais avenidas da cidade: João Furtado de Oliveira, Dom José André Coimbra e Altino Guimarães, segundo mostra um parecer da Secretaria Municipal de Meio Ambiente obtido pelo Brasil de Fato MG. A rede de drenagem terá 3,8 quilômetros, se instalando nos canteiros centrais das três avenidas.

Após a execução, esses canteiros, que hoje possuem cinco metros, serão reduzidos a três metros, sendo distribuídos em 80 centímetros de grama com árvores, 1,9 metro de calçamento (cimento) e 30 centímetros de meio-fio.

No parecer, a secretaria informa a supressão de 490 árvores, de 51 espécies diferentes. Destacando-se 82 oitis, 81 ipês e 67 flamboyants.

Mil pessoas pedem revisão do plano

Ao tomar ciência do projeto, a geógrafa patrocinense Juliana Carvalho resolveu organizar uma petição para debater com a prefeitura alternativas à supressão das árvores. “São 490 árvores que serão retiradas, em sua maioria adultas, de porte grande, que têm sua função social para a população e principalmente para a fauna. Muitos animais vivem ali”, destaca a geógrafa.

“A gente está falando do principal canteiro da cidade em que as pessoas praticam lazer. Aqui em Patrocínio, não temos nenhum parque, nenhum outro local ideal para caminhar. A gente tem essa avenida, com duas pistas de caminhada e árvores no meio, e ela será diminuída a uma só pista”, critica.

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A petição, hoje com quase mil assinaturas, não é contra a obra de drenagem, mas requer que o projeto seja melhor elaborado, no sentido de evitar o corte desnecessário de árvores e modificar o projeto pós-obra.

No lugar das árvores a serem derrubadas, a prefeitura planeja plantar apenas ipês nos canteiros: 101 do roxo, 122 do amarelo, 99 do rosa e 96 do branco. Como a supressão de árvores exige compensação ambiental, a secretaria sugere o cercamento de toda a extensão do horto florestal da cidade, que ainda não está cercada, bem como a instalação de placas informativas e de identificação.

Outras reivindicações

A petição online reivindica o oposto: que as árvores a serem plantadas sejam diversificadas. Reivindica ainda a manutenção das árvores em locais das avenidas que não terão obras subterrâneas; a manutenção do máximo de árvores saudáveis possível, do canteiro central com sua medida atual (cinco metros).  

O documento requer também a melhoria da pista de caminhada, o fechamento de uma parte da via em dias estratégicos para lazer da população e a realização de uma audiência pública com a população patrocinense.

O projeto, que segundo a secretaria já possui anuência do prefeito, não teria sido apresentado à população, conforme Juliana, que fez das suas redes sociais um canal de denúncia e alerta.

“O que me deixa muito chateada e indignada é pensar que dava para a gente fazer um projeto maravilhoso, para ser modelo para outras cidades, dar um conforto para nossa população, para nossa fauna. No entanto, a gente não teve nenhum tipo de retorno da prefeitura”, informou.

A reportagem do Brasil de Fato MG tentou contato com a Prefeitura de Patrocínio, assim como com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, mas não conseguiu resposta até a publicação desta matéria.

Edição: Larissa Costa