Brasil não precisa de juros altos
Em seis anos de (des)governo, os últimos quatro anos foram os piores, pois o Brasil apresentou inflação e forte recessão, com o desemprego mais alto de sua história, tendo chegado a 14%, e fechado 2022 em 8,1%. Os desempregados formais (aqueles que possuíam empregos com carteira assinada e demais garantias celetistas) buscam ocupação no mercado informal, como ambulantes, camelôs, autônomos, entre outros.
Além disso, possuímos a maior taxa de juros reais do mundo. Se descontarmos da taxa de juros anual de 13,75% a inflação acumulada em um ano, que foi de 5,79%, resta como taxa real de juros 7,96% ao ano, ou seja, a mais alta do mundo. Essa alta taxa impacta a macroeconomia e as políticas governamentais, pois os juros altos prejudicam principalmente a população, sobretudo aquela mais fragilizada que precisa recorrer mais vezes a empréstimos e ao cartão de crédito.
A taxa de juros alta afeta o desenvolvimento e desestimula o setor produtivo. A recessão e a inflação juntas constituem uma péssima combinação, que fica ainda pior com a taxa de juros altíssima.
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Essa alta taxa de juros tem como justificativa pelo Banco Central, a estabilidade monetária. O que não faz sentido em um país com tanta demanda reprimida. A economia brasileira há pelo menos seis anos vem se enfraquecendo internamente e, ao mesmo tempo, se fragilizando externamente. Se a taxa de juros alta assegurasse estabilidade monetária, seríamos o país com a moeda mais estável do mundo.
Com a autonomia do Banco Central, ele tem em sua presidência um aliado do governo anterior, que ainda rege na cartilha monetarista, da estabilidade da moeda, o que é uma falácia.
A consciência das dificuldades de desarticular as armadilhas deixadas pela incompetência da financeirização deixada pelo (des)governo anterior devem ser substituídas a fim de abrir o caminho para a reativação econômica, o fortalecimento do capital produtivo, a distribuição de renda e a garantia dos direitos para toda a população.
Iniciativas como a da reciclagem dos papéis da dívida para um fundo econômico e social deve ser retomado pelo BNDES para retomada do desenvolvimento e o combate à miséria e à exclusão social.
Antonio Manoel Mendonça de Araujo é professor de Economia, conselheiro do Sindicato dos Economistas de Minas Gerais (Sindecon) e ex-coordenador da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED-MG).
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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
Edição: Elis Almeida