Minas Gerais

NOVOS PASSOS

8 de março: mineiras organizam luta contra retrocessos sociais e ambientais em Minas Gerais

Acampamento, banquetaço, debates e desfile de blocos integram a programação prevista para os dias 7 e 8

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |

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Com o desmonte das políticas públicas sociais, a fome e o desemprego se tornaram mais presentes para as mulheres - Foto: @lorenafadul

Minas Gerais é o estado que possui o maior índice de feminicídio do país, de acordo com dados publicados em 2022, pela Secretaria de Segurança Pública. Em resposta, a movimentação das mulheres contra as diversas violências e os retrocessos sociais é intensa. Para o Dia Internacional de Luta das Mulheres, as mineiras organizam uma jornada de atividades com acampamentos, banquetaço, atos e rodas de debates.

 

Para a cientista política Bruna Camilo, apesar dos recentes avanços reconquistados, como o Bolsa Família e a volta do programa Minha Casa, Minha Vida, as brasileiras ainda precisam enfrentar um grande inimigo: o bolsonarismo, representado em Minas Gerais pelo governo de Romeu Zema (Novo).

“Ainda vivemos o bolsonarismo em nossa sociedade, fenômeno que não precisa mais de Bolsonaro. Existe uma disputa entre quem vai representar o bolsonarismo, e Zema está nessa disputa” afirma a pesquisadora. “Somente indo para as ruas, dialogando com a população, que a gente consegue mostrar para as pessoas que a luta está apenas começando” completa.

Realidade das mulheres

Com o desmonte das políticas públicas sociais, a fome e o desemprego se tornaram mais presentes para as mulheres. De acordo com dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), em 2022, um em cada cinco lares chefiados por mulheres estavam em situação de insegurança alimentar, cenário que se agrava nas periferias das cidades.

Para Maria da Consolação, essa realidade é reflexo dos ataques e silenciamentos contra as mulheres, simbolizados pelo assassinato de Marielle Franco, morta em março de 2018. “O assassinato de Marielle foi para dizer que as mulheres negras da periferia não têm o direito de estarem na política. Mas nós estamos e devemos estar presentes na luta. Temos o direito de existir e viver com dignidade”, reflete.

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O ato do Dia Internacional de Luta das Mulheres é construído pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Neste ano, os temas abordados são “Vida digna, diversidade e direito ao aborto: nas ruas contra o fascismo, racismo e capitalismo” e “Pela vida das mulheres: em luta contra a fome, por democracia e pelo bem viver”.

Além das programações específicas de cada organização, as entidades realizam um ato unificado na quarta (8), com concentração às 16h na Praça da Liberdade, no Centro de Belo Horizonte.

Michelle Capuchinho, da direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) explica que cerca de 500 mulheres camponesas se deslocarão para a capital para um acampamento na praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Além do acampamento, as mulheres também realizarão um plantio solidário no Aglomerado da Serra, um desfile de blocos carnavalescos e diversas rodas de conversa.

“Não se lucra com a fome e com a violência. Vamos juntas neste grande processo de luta, por terra e democracia”, conclama Michelle.

 

Edição: Larissa Costa