Manifestações de rua, atividades culturais, rodas de conversa e até mesmo um acampamento deram o tom do Dia Internacional de Luta das Mulheres, em Minas Gerais. Na capital, manifestantes marcharam pelas ruas do Centro da cidade, em luta contra a fome e a violência, reivindicando democracia e bem viver.
O protesto em Belo Horizonte, que reuniu 3 mil pessoas, teve batucada feminista, intervenções visuais, poesias e palavras de ordem em defesa da vida das mulheres. Na avaliação de Sônia Mara Maranho, uma das organizadoras da manifestação, o sentido expresso na marcha foi de esperança.
“Faziam seis anos que nossas manifestações eram de resistência, diante do golpe e do avanço do fascismo no Brasil. Então, foi um ato com a perspectiva de que, no próximo período, com o esforço da defesa da democracia e da reconstrução do país, as mulheres tenham políticas voltadas para o reconhecimento de seus direitos, que historicamente foram violados”, comenta Sônia, que também é dirigente do Movimento dos Atingidos Por Barragens (MAB).
Durante a caminhada, que saiu da Praça da Liberdade rumo à Praça Sete, 500 mulheres do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), de todas as regiões de Minas, se somaram.
No período da manhã, antes do início da manifestação, as sem-terra já tinham realizado uma ação de doação de alimentos e plantio de árvores, no Aglomerado da Serra, maior favela de Minas, que fica em Belo Horizonte. Desde a terça-feira (7), as mulheres do movimento construíram o Acampamento Pedagógico, em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
“Nosso objetivo é fortalecer a unidade das mulheres, construindo ações de formação, de cultura e de diálogo com a sociedade, apresentando o nosso projeto de reforma agrária popular”, explica Michele Capuchinho, da direção do MST.
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Ações em outros municípios
Além de Belo Horizonte, outros municípios do estado também tiveram atividades com protagonismo feminino, no dia 8 de março. Em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, as mulheres se concentraram no Parque Halfeld e, durante a marcha, espalharam música, cores e cartazes pela cidade.
“É uma data que, historicamente, coesiona as mulheres do mundo todo em torno de pautas em comum e de um projeto de emancipação das mulheres. Nós demonstramos nosso projeto de sociedade com arte e cultura”, explica Esther Maria, do Movimento Brasil Popular.
Em Ouro Verde de Minas, no Vale do Mucuri, uma roda de conversa no Quilombo São Julião debateu a situação das mulheres na região. Betim, Viçosa, Lavras, São João Del Rei, Pirapora, Teófilo Otoni, Uberlândia e outras cidades também tiveram atividades.
No Norte de Minas, em Montes Claros, a programação vai até o dia 29, com acampamentos, seminários, acolhimento psicológico e rodas de conversa.
Para Andréa Cangussu, Secretária Estadual de Mulheres do Partido dos Trabalhadores, o balanço dos atos em terras mineiras é positivo. Ela enfatiza que, após um longo período de ataques e derrotas, é revigorante ver que as mulheres não perderam a capacidade de lutar em unidade e de serem propositivas.
“Passamos por um governo genocida que só queria a morte das mulheres e retirada de todos os direitos e garantias que tínhamos conquistado, ao longo de décadas. Vimos no 8 de março as mulheres unificadas, dando vida ao sentimento de reconstrução do país”, aponta.
Luta contra Zema
Uma das pautas que apareceram com maior ênfase nas manifestações em Minas foi a denúncia da política econômica aplicada pelo governador do estado, Romeu Zema (Novo). Para as manifestantes, as medidas tomadas pelo governo estadual contribuem para a precarização da vida das mulheres.
“Se nacionalmente estamos em um quadro de avanço, após a superação do fascismo nas urnas, Zema em Minas representa a continuidade de um governo ultraliberal, que impacta diretamente em categorias femininas, como as educadoras e enfermeiras. Ele implementa uma precarização generalizada do trabalho, de ataque ao funcionalismo público e ao meio ambiente, que atinge principalmente as mulheres”, explica Esther.
Edição: Larissa Costa