Para marcar o Dia Internacional de Luta das Mulheres, 8 de março, cerca de 40 mulheres, entre negras, quilombolas, periféricas, com deficiência, trabalhadoras rurais e trabalhadoras domésticas, participaram, na terça (7), de três atividades na Câmara Municipal de Viçosa, cidade da Zona da Mata de Minas Gerais: um banquete, com comidas da agricultura familiar, uma reunião ampliada da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e uma reunião ordinária com os vereadores.
As ações, que contaram com depoimentos das mulheres no plenário, teve o intuito de pressionar o poder público pela aprovação do Projeto de Lei (PL) 06/2022, conhecido como “Comida de Verdade”. O PL busca apoiar o escoamento da produção de alimentos locais e fomentar a alimentação de qualidade para a população viçosense.
"Viemos para mostrar o que as mulheres fazem. Elas puderam contar as suas histórias, explicar os processos de produção e as dificuldades que elas têm, mostrando que o projeto de lei Comida de Verdade responde a uma demanda real de comercialização e de reconhecimento da importância do trabalho que elas realizam", explicou Liliam Telles, coordenadora do Programa Mulheres e Agroecologia do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM).
Militante da Marcha Mundial das Mulheres e técnica do CTA-ZM, Indyra Monteiro destacou em sua fala durante a reunião a necessidade de haver mais políticas públicas direcionadas para as mulheres.
“Olhar para esse plenário cheio é ver representatividade. São essas mulheres, que representam a maioria da população, que devem ser ouvidas e convidadas a discutir e pensar a cidade. E respeito é muito pouco, queremos política pública”, afirmou.
Agricultura familiar
Do lado de fora da Câmara Municipal, um banquete, que antecedeu as reuniões com os vereadores, mostrou a diversidade de alimentos produzidos pelas agricultoras do município. Ivanilda Cunha, agricultora familiar e moradora da comunidade rural Córrego dos Nobres, ressaltou a importância do projeto de lei na melhoria das condições de vida das famílias que vivem da agricultura.
“Esse projeto foi para a gente uma felicidade muito grande ali no meio rural. Foi uma luz no fim do túnel, porque a partir do momento que a gente ficou sabendo que ia ter esse projeto, animamos mais a plantar, a colher, incentivamos as pessoas. O pessoal do meio rural não tem preguiça de trabalhar”, disse.
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Viçosa quer comida de verdade
Para Bianca Lima, professora do Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e coordenadora da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP-UFV), o PL Comida de Verdade proporciona para Viçosa uma política que vai além da compra de alimentos.
"É uma política de geração de trabalho e renda, de trabalho de qualidade, de segurança alimentar e nutricional e, mais do que isso, de desenvolvimento sustentável local. É uma política que pensa em níveis globais, mas age localmente. Tem tudo para dar certo. É uma oportunidade para Viçosa fazer diferente e construir inovações sociais que possam de fato contribuir para o desenvolvimento da cidade", ressalta a professora.
A vereadora Jamille Gomes (PT), autora do projeto de lei “Comida de Verdade”, avaliou com otimismo a tramitação da proposta. “Os vereadores que compõem a CCJ prometeram seguir discutindo o projeto na Casa, fazendo o possível para que aspectos jurídicos não impeçam a luta das agricultoras, e assim consigamos aprovar o projeto”, disse.
Edição: Larissa Costa