A irmã comemorou como se fosse um gol do Galo
A conversa fiada rolava em toda a quebrada. Era a fofoca do dia. Da noite. Da hora. Ele emprestava dinheiro pra todo mundo. Era só pedir com jeitinho e não tinha erro. Ele metia a mão no bolso e a grana aparecia.
E, de fato, ele era bom coração e mão aberta. Deixou de juntar dinheiro para ajudar todo mundo que lhe pedia alguma bufunfa. Sua irmã, indignada com a situação, saiu de longe para dar conselhos e puxar suas orelhas:
- Deixa de ser besta, homi! Para de dar dinheiro para essa gente falsa. Um dia, há de faltar pra você.
Entrava por um ouvido e saía pelo outro. Na verdade, ele não estava nem aí. Já estava meio escaldado de tanto a irmã falar na sua cabeça.
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Do nada apareceram aqueles picaretas profissionais querendo arrancar algum dinheiro dele:
- Pela última vez! – suplicava o larápio profissional. – Estou precisando dessa grana para alavancar uns negócios bons aí.
Ele estava resistindo bem. Só que a persistência era o método infalível do picareta de plantão.
Ele não resistiu e fez um cheque cruzado para o tal homem. A irmã foi à loucura. Dizendo que não acreditava no que tinha visto. Era um dinheirão. Ele foi dormir muito tranquilo.
No outro dia à tarde, chega muito nervoso, xingando e suado o tal 171. Querendo até bater nosso herói de bom coração. O cheque foi e não voltou. Estava sem fundos.
A irmã comemorou como se fosse um gol do Galo mineiro e lhe deu um beijo na testa. Na hora, ele retrucou:
- Deixa de ser besta, mulher!
Rubinho Giaquinto é músico, escritor e militante do coletivo Solidariedade Cidadã
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Edição: Elis Almeida