Durante este mês, Romeu Zema (Novo) vem construindo articulações com a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para garantir um aumento de quase 300% em seu salário e de seu secretariado. Se aprovada a proposta, o governador passará a receber R$ 37.589,96 em abril deste ano, chegando a R$ 41.845,49 a partir de fevereiro de 2025.
Segundo Zema, a justificativa para o aumento seria a necessidade de recompor perdas decorrentes da inflação. Porém, parlamentares e organizações do campo de oposição ao governo argumentam que a proposta é contraditória com o discurso adotado pelo governador.
“Zema demonstra, mais uma vez, o quão demagogo consegue ser. Desde que surgiu na vida pública, tem defendido que vai doar seus salários e feito propaganda como se levasse uma vida simples. Ele esconde que é um dos políticos mais ricos do país e agora quer triplicar seu salário e de seus secretários”, avalia Luiz Paulo Siqueira, da coordenação do Movimento Brasil Popular.
Para os servidores públicos nada
Na avaliação de Luiz Paulo, as movimentações do governador se tornam ainda mais problemáticas, considerando a apresentação de uma série de projetos, como o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que, entre outras medidas, congelam os salários dos servidores públicos.
“É um verdadeiro escárnio contra o povo mineiro. Ao mesmo tempo que pretende entregar o patrimônio público com as privatizações, diminuir postos de trabalhos e congelar os salários dos servidores estaduais, Zema quer ter um ‘super salário’ e beneficiar seus aliados”, enfatiza.
Atualmente, os trabalhadores em educação de Minas Gerais possuem vencimento básico de apenas R$ 2.350,49. No ano passado, o governador vetou um projeto aprovado pela ALMG que, além de garantir o pagamento do piso salarial da educação, reajustava em 14% os salários dos profissionais da saúde e da segurança pública. Na época, Zema argumentou que o Estado não possui “pote de ouro”.
“É uma grande vergonha para Minas Gerais. É uma liquidação total. Um desmonte completo do Estado”, avaliou Denise Romano, coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG).
Para as locadoras, tudo
Ao mesmo tempo, tramita na ALMG um projeto de lei que perdoa dívidas de locadoras de veículos e diminui a cobrança de impostos dessas empresas. Atualmente, em Minas, contribuintes em geral pagam uma alíquota de 4% de Imposto Sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Para as locadoras, o valor é de 1%.
Na avaliação da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT), o governo do Estado deveria priorizar a redução de impostos para quem realmente necessita.
“O governo Zema quer aumentar benefícios para quem não precisa. Vamos fazer para quem precisa? Apresentei emenda para isentar profissionais da educação do pagamento do IPVA”, comunicou a parlamentar, nas redes sociais.
Se aprovada, uma das maiores beneficiadas pela proposta será a Localiza, do empresário Salim Mattar. Os sócios da empresa foram responsáveis pela doação de R$ 5 milhões para a campanha de reeleição de Zema, o que corresponde a quase 30% dos gastos totais. Os principais acionistas da locadora também foram os principais doadores da campanha do governador.
Atualmente, Salim Mattar ocupa o cargo de assessor especial do governo.
“Se esse projeto for aprovado os prejuízos ao cofre mineiro serão bilionários. O governador quer beneficiar as grandes empresas que o apoiaram e prejudicar todo o povo mineiro, com o sucateamento dos serviços públicos e a retirada de direitos”, alerta Luiz Paulo Siqueira.
Edição: Larissa Costa