Fofoca não tem classe social
A fofoca sempre moveu o mundo. Saber da vida do outro não tem dia nem hora e pode ser na rua, no salão de beleza, no ônibus, no dentista, na academia, no saguão do aeroporto, no clube, numa plenária sindical, no zap ou no messenger.
Não tem classe social. A pessoa pode ser muito rica ou muito pobre. Preta ou branca. Ela quer é sentar o pau na vida alheia. Destilar venenos e mentiras. Tenho um amigo cuja curiosidade da vida alheia extrapola qualquer despacho na esquina do futuro. Ele gosta de um fuxico.
Um dia, ele não se conteve e destilou uma dessas fofocas bem cabeludas. A fofoca começou no zap, foi para o telefone e terminou na esquina da quebrada:
-Você viu?
-Viu o quê?
-Tá na cara, né?
-É viagem sua. Isso pode dar até morte. Deixa de ser enxerido.
-Menino, deixo não! Será que o povo não tem espelho em casa?
-Você está igual ao seu Machado, se liga! Vou embora. Você gosta de arrumar abacaxi pra descascar, né?
Nisso passa o caminhão do abacaxi. O moço do caminhão começou a gritar:
“Olha o abacaxi doce, doce! Fácil pra descascar. Vem pra cá aproveitar o preço bem pequenininho”. Parece que foi um presságio.
Rubinho Giaquinto é músico, escritor e militante do coletivo Solidariedade Cidadã
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Edição: Elis Almeida