Diagnóstico de autismo aumentaram 400% em 20 anos
Estamos vivendo uma epidemia de autismo? A pergunta se tornou comum nos últimos anos com o aumento dos diagnósticos em mais de 400% em pouco mais de duas décadas. Hoje, o CDC - órgão norte-americano que realiza o levantamento - aponta que uma a cada 36 crianças são autistas, mostrando que os Transtornos do Espectro Autista (TEA) são muito mais comuns do que se pensava.
Essa mudança se deve, principalmente, ao aumento do acesso ao diagnóstico e a avanços significativos na compreensão da amplitude do espectro e na conscientização de profissionais da educação e da saúde que hoje são mais preparados e atentos aos diferentes sinais do autismo.
No Brasil, o aumento da incidência acompanhou também avanços importantes, como a Lei Berenice Piana que deu a autistas o acesso aos direitos assegurados às pessoas com deficiência, e a Lei Brasileira de Inclusão, ambas sancionadas pelo governo Dilma Rousseff.
Porém, nos últimos anos tivemos que resistir a ataques como a Política Nacional de Educação Especial proposta por Bolsonaro, que representava um gigante retrocesso na educação inclusiva, e que foi revogada pelo governo Lula nos primeiros dias do seu mandato.
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A mobilização de entidades de pessoas com deficiência, autistas, pais e mães também garantiu o acesso a tratamentos ameaçados pelo Rol Taxativo e vitórias como o fim da validade do laudo e do limite para sessões de terapias.
Na Assembleia de Minas tivemos também conquistas como o nosso projeto aprovado em primeiro turno essa semana, para a Criação de um Sistema Estadual de Atendimento Integrado à Pessoa Autista. Um avanço importante no longo caminho que precisamos percorrer.
Como pai de uma criança autista, conheço bem os desafios impostos pela falta de inclusão e acessibilidade e o quanto ainda temos que avançar.
Precisamos garantir a educação inclusiva com professores de apoio qualificados e o acesso a tecnologias assistivas nas escolas, salas de recursos e materiais adaptados às necessidades de cada estudante. Precisamos de profissionais especializados nos municípios para o diagnóstico do autismo e o atendimento às diferentes necessidades de tratamentos. Precisamos garantir o acesso a medicamentos, nutrientes e amparar financeira e psicologicamente mães e cuidadores que se dedicam ao suporte de crianças e adultos com diferentes níveis de necessidades.
É essa a nossa luta.
Além de avançar na criação de leis, é necessário garantir as condições para que todos esses mecanismos cheguem a quem está na ponta, estejam presentes nas cidades e tornem melhor o dia a dia de tantas pessoas. Isso passa pela conscientização da sociedade e de quem executa as políticas públicas, como a União, estados e municípios.
Precisamos avançar juntos. Afinal, quando a gente inclui, todos ganham.
Cristiano Silveira é deputado estadual e presidente do diretório estadual do Partido dos Trabalhadores de Minas Gerais.
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Este é um artigo de opinião. A visão do/a autor/a não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.
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Edição: Elis Almeida