Minas Gerais

REVOLTA

Em BH, usuários de ônibus questionam aumento da passagem: "não tem justificativa financeira"

Prefeitura e governo federal repassaram às empresas mais de R$ 500 mi desde a pandemia. Protestos devem continuar

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
Manifestantes pedem a revogação do reajuste da tarifa do ônibus - Foto: Brasil de Fato MG

Desde o dia 23 de abril, a passagem de ônibus em Belo Horizonte passou de R$ 4,50 para R$ 6. O aumento, que vem causando indignação, foi alvo de um protesto na última terça-feira (25) no centro da capital mineira. Os manifestantes prometem novos protestos e reivindicam a revogação do reajuste de mais de 30% da tarifa de ônibus, questionam a qualidade do serviço prestado pelas empresas privadas e pedem tarifa zero para o transporte público de BH.

Como forma de simbolizar a revolta coletiva, os participantes colocaram fogo em uma catraca em frente à prefeitura, e entoaram gritos como “mãos ao alto, seis reais é um assalto” e “pula a catraca, estoura o tampão, passe livre no busão”.
 


Prejuízo para os jovens

A presidenta da Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas da Grande Belo Horizonte (Ames-BH) Beatriz Jovem destaca as dificuldades que o novo valor trará para a juventude e para os trabalhadores.

“O reajuste de 33% na passagem representa um encarecimento muito alto da vida. E hoje para o jovem é ainda pior, porque Belo Horizonte é a única capital do Sudeste que não tem passe livre”, afirma.

Beatriz ainda falou sobre a relação do reajuste com o descaso do poder público com a população. “A prefeitura faz repasses altíssimos para os empresários, não senta para conversar com a população e não oferece o mínimo, que é uma passagem a um preço justo e uma tarifa a um preço social”, aponta.

A quem o reajuste beneficia?

Após o aumento do preço da passagem, Belo Horizonte passou a ter a tarifa de ônibus mais cara do Brasil, ao lado de  Porto Velho (RO), Curitiba (PR) e Florianópolis (SC). Francisco Maciel, presidente da Associação dos Usuários de Transportes Coletivos da Grande Belo Horizonte (AUTC) afirma que o reajuste foi uma imposição dos empresários e que não se justifica tecnicamente.

“Em menos de um ano, já teve uma transmissão de recursos da prefeitura de R$ 237 milhões, o governo federal transmitiu R$ 37 milhões para cobrir gratuidade de idoso e de pessoas com deficiência. A prefeitura comprou de forma antecipada R$ 220 milhões de vale transporte. Se não bastasse isso, [as empresas] retiraram cobrador e não diminuíram um centavo do preço da tarifa, o que significa uma economia de R$ 210 milhões de reais. Como que um setor desse pode estar em crise? Isso é uma mentira, uma falácia”, questiona.

Francisco também lembrou que houve uma diminuição na oferta de serviço de 3 mil ônibus para 2,4 mil e afirmou que o transporte funciona com superlotação e descumprimento de quadro de horário.

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Próxima

Após a manifestação, os organizadores avaliaram a ação de forma positiva. “Hoje foi apenas o primeiro ato e já está muito cheio. A gente está vendo uma vontade de todo mundo de crescer e de construir outros atos”, afirma Niaggo Barbosa, também da Ames BH.

Isabel Zerbinato, da União da Juventude Comunista (UJC), afirmou que os movimentos já se mobilizam para um próximo. O grande objetivo é engajar a população na causa.

“O interesse é trazer essa pauta para que a população saiba o que está acontecendo e não caia nesse conto de que o povo precisa pagar o pato por esse mau gerenciamento das empresas de ônibus”, comenta.

Edição: Larissa Costa