Minas Gerais

PRODUÇÃO

Agricultores de Minas Gerais levam toneladas de alimentos saudáveis para feira do MST em SP

Os produtos são agroecológicos, sem veneno e produzidos coletivamente em assentamentos e acampamentos

Belo Horizonte (MG) | Brasil de Fato MG |
A última feira do MST ocorreu em 2017 - Foto: Brasil de Fato

De Norte a Sul do estado, agricultores de Minas Gerais se organizam para participar da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, entre os dias 11 e 14 deste mês, na cidade de São Paulo. O evento, organizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), reúne a produção in natura e da agroindústria de mais de 1,2 mil trabalhadores assentados e acampados do movimento.

Biscoito de polvilho, queijos, mel e os tradicionais cafés orgânicos e agroecológicos produzidos na região Sul de Minas são alguns produtos que os agricultores mineiros irão comercializar no encontro, que será no Parque da Água Branca.

Membro do coletivo nacional de juventude do MST e morador do município de Montes Claros, Gabriel Rafael dos Santos conta que o Norte de Minas tem a expectativa de comercializar mais de 4 toneladas de produtos durante a feira.

“Vamos levar a nossa principal fonte de comercialização da região, a cachaça Veredas da Terra. Também teremos frutas do Cerrado, castanhas, grandes variedades de licores, geleias, mel, mandioca, abóbora, molho de pimenta, farinhas, entre outros”, destaca Gabriel.

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Ele explica que a produção é resultado do trabalho coletivo desenvolvido nos territórios.

“Há um envolvimento muito grande das famílias da região com a produção. A feira mostra qual é a importância do trabalho coletivo. Temos aqui no Norte, por exemplo, o coletivo de mulheres que é responsável pela produção de doces e geleias. Para a produção da cachaça, temos outro coletivo. Tudo o que vai para a feira nacional é fruto de processos coletivizados”, explica.

A delegação da Zona da Mata mineira levará uma diversidade de produtos que vai desde artesanatos até cachaças com ervas. Do Vale do Rio Doce, os agricultores irão comercializar quase uma 1,5 tonelada de frutas.

Outro destaque são os doces. Produtores da região do Vale do Mucuri, por exemplo, levarão para a feira nacional 60 quilos de doce de leite e 20 quilos de doce de amendoim. Já as famílias do Vale do Jequitinhonha têm entre seus produtos 50 quilos de carne de sol, 150 quilos de goma fresca de tapioca e diversas peças artesanais, que pesam cerca de 1 tonelada. Os produtores também irão comercializar mudas e sementes.

Sem veneno

Os alimentos produzidos pelo MST são agroecológicos e, portanto, sem venenos ou agrotóxicos. Ao longo de seus quase 40 anos, o movimento busca, com a produção, estabelecer novas relações dos seres humanos entre si e com o meio ambiente. Dessa forma, se contrapõe ao agronegócio.

No Sul de Minas, por exemplo, em Campo do Meio, o MST possui mais de 450 famílias no acampamento Quilombo Campo Grande, onde são produzidos aproximadamente 2 milhões de pés de café orgânico, sem insumos químicos, agrotóxicos ou sementes transgênicas.


imagem de legumes / Créditos da foto: Reprodução

A feira

A 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária também possui ampla programação cultural e de debates, com o objetivo de denunciar o aumento da fome no país, o modelo do agronegócio e a concentração de terra.

O encontro acontece após, nos últimos dias, o MST comprovar a ausência de produtos químicos no arroz agroecológico Terra Livre.

A notícia falsa, disseminada por vereadores de municípios gaúchos, foi desmentida por testes realizados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Edição: Larissa Costa