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Editorial | A disputa de projeto de Brasil se acirra: de que lado você está?

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Quem tem mais poder no Legislativo e no Executivo tem maior capacidade de garantir seus interesses. - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Direitos conquistados seguem ameaçados

Já faz tempo que a disputa política no Brasil vem se intensificando. Um olhar mais desatento pode ser que não perceba o real pano de fundo dessa disputa.

Não se trata de uma disputa de nomes. Lula versus Bolsonaro, por exemplo. Nem mesmo de partido, Partido dos Trabalhadores versus Partido Liberal. A real disputa é outra.

O que está por trás disso tudo é a disputa econômica e a de projeto de sociedade.

A disputa se acirrou no Brasil após a chegada por aqui da crise internacional do capitalismo, deflagrada em 2008 nos Estados Unidos, se alastrando em seguida para a União Europeia e depois para os demais continentes. Até 2012, a economia brasileira crescia, ano a ano, acima da média mundial, chegando a crescer 7,5% em 2010.

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Desde a chegada da crise por aqui, de 2013 em diante, o país não cresce, ou cresce muito pouco. Nos últimos dez anos, foram quatro anos de crescimento negativo (2015, 2016, 2020 e 2021).

Com a crise, diminuiu a arrecadação do Estado, que passa a ter seus recursos mais concorridos. Farinha pouca, meu pirão primeiro, ou ainda, cobertor curto, ou cobre os pés ou a cabeça.

O dinheiro das políticas públicas, agora mais disputado, deve ir para o agronegócio ou para a agricultura familiar? Para o combate à fome ou para a isenção de impostos de joias e jatinhos? Para o SUS ou para os planos privados de saúde, via, por exemplo, dedução do imposto de renda?

Quem tem mais força leva

Quem tem mais poder no Legislativo e no Executivo, seja no âmbito municipal, estadual ou federal, tem maior capacidade de garantir seus interesses. Quem tem mais capacidade de comunicação (mídia empresarial, redes sociais...), tem maior capacidade de fazer a cabeça da população. O Judiciário brasileiro historicamente, com raras exceções favorece as classes patronais e os interesses de mercado, em detrimento dos interesses do povo.

Nem todo poder é colocado em disputa na sociedade, mas parte dele é com as eleições. E as últimas eleições produziram um resultado contraditório, em razão de uma sociedade polarizada entre direita (defensora de um projeto conservador, liberal e antidemocrático) e a esquerda (defensora de um projeto progressista, desenvolvimentista, popular e democrático). Para presidente ganhou um progressista, mas, a maioria da Câmara dos Deputados e do Senado é conservadora, o que impõe muitos limites para se avançar com um projeto que democratize o Brasil.

Governadores conservadores e liberais também ganharam em Minas Gerais, Rio, São Paulo e tantos outros estados. Fizeram, também, maioria em muitas Câmaras de Vereadores em muitas cidades do Brasil afora.

Com isso, essas Casas viraram as costas para os reais problemas da vida do povo e estão agora se preocupando com pautas atrasadas e antipopulares. Como é o caso da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte, mudando o Plano Diretor para prejudicar os mais pobres e favorecer grandes construtoras, e aprovando a proibição de linguagem neutra nas escolas. Um atraso de vida.


Foto: CMBH

A vanguarda do atraso nessa disputa se chama Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Seu projeto não aponta para o futuro, só para o passado. Suas ideias não param de pé. Defende a privatização de todas as estatais, sem qualquer justificativa plausível.

Por que abrir mão de empresas extremamente lucrativas, fundamentais para o desenvolvimento estadual e estratégicas do ponto de vista tecnológico e de matriz energética? Sem falar nas muitas medidas de desmonte do Estado e piora das nossas contas públicas.

A disputa não terminou. Os direitos conquistados, seguem ameaçados. Os direitos a conquistar e a melhoria das condições de vida (mais saúde pública de qualidade, mais moradia, mais educação... mais...), seguirão um sonho se não seguirmos organizando, lutando, comunicando.

Edição: Larissa Costa