A escritora, educadora e pesquisadora Luana Tolentino lança no próximo sábado (27) seu segundo livro: “Sobrevivendo ao racismo: memórias, cartas e o cotidiano da discriminação no Brasil”. A Livraria da Rua, na Rua Antônio de Albuquerque, 913, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, recebe a autora para um bate-papo, a partir das 11h. O lançamento acontece às 12h.
O livro, que já chegou às mãos de muitos leitores e leitoras, tem rendido comentários emocionados. Isso porque Luana reuniu textos seus publicados, entre 2017 e 2022, na revista Carta Capital, sobre crianças que passaram por algum tipo de ato racista, ou até mesmo perderam a vida, como o caso do menino Miguel e de João Pedro.
Nos textos, Luana Tolentino relembra episódios da sua infância. “Meus colegas me olhavam como se algo de errado tivesse acontecido. Olhavam como se o direito de ler e ser elogiada pela nossa professora não fosse extensivo a mim. Os olhares de reprovação ofuscaram a minha alegria, o meu entusiasmo”, escreveu a autora no texto “No mês da mulher negra, uma lembrança da menina que fui”, publicado em julho deste ano.
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A escola aparece muitas vezes ao longo do livro porque, para as pessoas negras, é geralmente o espaço da primeira ofensa racista, conta a autora ao Brasil de Fato MG.
“Foi um mergulho profundo nas minhas dores, nos desafios que eu atravessei ao longo da vida, nesses 39 anos, sobretudo na infância e no início da adolescência. Eu removi muitas camadas e, por isso, foi um processo que me deixou muito à flor da pele”, relembra Luana sobre o processo de escrita e de escolha dos 47 textos presentes no livro.
Além dos relatos e cartas, “Sobrevivendo ao racismo” traz reflexões sobre a escalada de violência racista vivida pela população negra nos últimos quatro anos, simbolizada, na opinião da autora, na desqualificação, na desumanização e na negação de direitos.
O que dizem as leitoras e leitores
Pessoas que já adquiriram e já começaram a leitura do livro têm publicado seus comentários nas redes sociais. A professora e doutoranda Edneia Alves Cruz comentou: “li o livro de orelha a orelha em três horas, senti cada palavra. Ainda estou indignada com a mocinha que mostrou sua agenda aos outros sem permissão. É impossível parar antes do fim. E, chegando ao fim, o livro ganha tom de janela aberta ao recomeço”.
O escritor Itamar Vieira Júnior escreve no prefácio do livro: "Luana Tolentino tem sobrevivido e estende suas mãos aos leitores com seu importante relato". A orelha do livro, escrita pela ex-ministra Nilma Lino Gomes, registra: "a autora relata e analisa experiências de sofrimento e de resistência. Uma história que não é só dela. Situações semelhantes são enfrentadas pelas pessoas negras em todo o Brasil e em outros os lugares do mundo".
“Estou muito bem acompanhada”, brincou a escritora. “É um livro que trata de dor, de violência, mas também trata de esperança, de realização, de reflexões sobre a possibilidade de enfrentar o racismo, não só, mas também por meio do afeto, da sensibilização, conforme nos ensina o professor Muniz Sodré e a autora bell hooks”, completa.
Outra educação é possível
O seu primeiro livro, publicado em 2018, tem sido visto como inspiração para professores, principalmente do ensino básico e do ensino fundamental. “Outra educação é possível: feminismo, antirracismo e inclusão em sala de aula” é usado no espaço escolar para estimular uma cultura antirracista.
O livro já inspirou diversas atividades, como um desfile de cabelo cacheado, cartazes, palestras e até foi parte do álbum de formatura de Thamiris Silva, aluna do curso de pedagogia do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG). Por meio dos educadores, Luana acabou se tornando referência para crianças e adolescentes, que fazem questão de tirar foto com a autora.
“Nesta semana, uma professora que dá aula em Araguaína, interior do Tocantins, numa cidade de 10 mil habitantes, me escreveu falando que já tinha meu primeiro livro e que iria adquirir meu segundo livro. Isso para mim é a realização”, disse Luana.
Quem é
Luana Tolentino é doutoranda do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares da Alteridade (Neia/UFMG). Atuou como professora de história na educação básica entre 2008 e 2019 e hoje tem se dedicado à formação inicial e continuada de professores.
Onde comprar
O livro “Sobrevivendo ao racismo: memórias, cartas e o cotidiano da discriminação no Brasil” foi publicado pela editora Papirus 7 Mares e está à venda nas plataformas online e nas principais livrarias do país.
Também poderá ser adquirido no lançamento, dia 27 de maio, na Livraria da Rua, na Rua Antônio de Albuquerque, 913, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, a partir das 11h.
Edição: Larissa Costa