Para trazer à tona o tema da proteção das matas e das reservas hídricas em risco diante da construção do Rodoanel, a quarta “Romaria da Arquidiocese de Belo Horizonte pela ecologia integral” acontece no dia 3 de junho, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
O megaprojeto, de iniciativa de Romeu Zema (Novo), é criticado por diversos setores da população mineira. Além de afetar 13 municípios, R$ 3,07 bilhões, que serão aplicados pelo governo estadual, são provenientes do acordo com a Vale para a reparação do crime social e ambiental, que aconteceu em Brumadinho, com o rompimento da barragem.
Ecologia integral
O conceito de ecologia integral surgiu em 2015 a partir da carta encíclica Laudato Si, proposta feita pelo Papa Francisco. No documento, o pontífice chama a atenção para o cuidado da Casa Comum.
“Não é só o meio ambiente, mas é a preservação também do ser humano e de todas as formas de vida que estão presentes nesse meio ambiente, algo que está integrado à vida de todos nós e ao qual nós estamos relacionados”, explica Padre Júlio Amaral, um dos organizadores do evento e vigário episcopal da Arquidiocese de Belo Horizonte.
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Alternativas ao Rodoanel
Na avaliação de movimentos populares, o governador Zema está usando o recurso do acordo, que deveria ser destinado aos atingidos, para cometer um novo crime ambiental. Por exemplo, o projeto afeta diretamente a represa de Vargem das Flores, um dos principais mananciais da região metropolitana, o que compromete totalmente o abastecimento da cidade de Ibirité, com mais de 180 mil habitantes.
De acordo com Cristina Maria de Oliveira, do Movimento SOS Vargem das Flores, há alternativas mais sustentáveis e respeitosas ao meio ambiente e à sociedade do que o Rodoanel. “O atual Anel Rodoviário deveria ser revitalizado para atender ao fluxo dos caminhões que passam por Minas Gerais. Poderíamos também duplicar o Rodoanel de forma aérea, como a gente vê em Salvador, por exemplo, com o metrô” explica.
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Território histórico e ancestral
A quarta romaria pela ecologia integral encerra a sua jornada na capela Nossa Senhora do Rosário, no Quilombo de Pinhões. O território sagrado também está no traçado do rodoanel. Ao todo, especialistas estimam que cerca de 80 comunidades tradicionais serão diretamente ou indiretamente afetadas pelo projeto. Por isso, a romaria também chama a atenção para a importância do respeito e preservação de territórios e povos tradicionais.
“O Quilombo dos Pinhões é um território antiquíssimo, que, por milhões de anos, foi ocupado por povos originários. Faz fronteira com Lagoa Santa, que é um dos primeiros vetores de povoamento do continente, onde há registros de um dos primeiros seres humanos que ocupou a América do Sul, a Luzia”, pontua o pesquisador Glaucon Durães.
Além do Rodoanel, o município também está na mira de outros empreendimentos, como o plano diretor do município. Durães denuncia que há pouca empatia dos executivos municipal e estadual na defesa da região. “É um território que tem vínculo direto com esse processo de escravização, de colonização, mas também com a cultura afro-brasileira", completa o morador de Santa Luzia.
Edição: Larissa Costa