A situação dos metroviários de BH é preocupante. Desde março, os trabalhadores estão sob a gestão da empresa Metrô BH, que assumiu o consórcio de privatização do serviço de transporte sob trilhos na capital mineira. Nestes três meses os servidores, agora funcionários privados, enfrentaram drásticas mudanças nas condições de trabalho, como o corte do adicional de periculosidade.
Daniel Glória Carvalho, Secretário Geral do Sindicato dos Empregados em Transportes Metroviários e Conexos de Minas Gerais (SindiMetro), explica que a empresa alterou a metodologia para o pagamento do adicional. Ao invés de avaliar caso a caso, como estabelece o Acordo Coletivo da Categoria (ACT), a análise para cessão do adicional foi realizada por setor. O que, na avaliação do dirigente, sinaliza um desconhecimento do funcionamento do serviço dentro da empresa e a preocupação em enxugar os custos com a mão de obra.
Perdas trabalhistas
Além disso, a mudança do início da jornada de trabalho de 5h30 para 5h10, que ocorreu sem diálogo com a categoria, também tem sido um transtorno. Isto porque muitos trabalhadores moram na região metropolitana de BH e para chegar ao posto de trabalho neste horário, não encontram transporte.
“Parece uma mudança sutil, mas é muito significativa. Porque alguns trabalhadores simplesmente não tem nenhuma alternativa de locomoção neste horário. E nos preocupa porque uma situação recorrente de atraso, pode gerar ao trabalhador demissão por justa causa, por exemplo”, explica o dirigente.
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Glória Carvalho pontua ainda que todos estes direitos estavam previstos no contrato de cessão do serviço público à iniciativa privada. No entanto, não estão sendo cumpridos. De acordo com o representante, a empresa tem tentado retirar outros direitos da categoria, como a licença maternidade de seis meses para as trabalhadoras, auxílio creche e materno-infantil.
Agravamento da saúde mental
O sindicalista afirma ainda que o diálogo com a empresa tem ocorrido de maneira precária e segmentada. “Até hoje a diretoria não se apresentou ao sindicato. Nós temos sido proibidos de adentrar nas dependências da empresa e conversamos apenas com um representante legal de um escritório de advocacia contratado”, relata.
Diante das perdas trabalhistas e incerteza quanto ao futuro, a saúde mental da categoria está prejudicada. “Temos muitos trabalhadores que já foram diagnosticados com burnout com apenas três meses de gestão dessa empresa. Nós tivemos dois casos de tentativa de autoextermínio, afastamentos de ordem psicológica, o cenário está gravíssimo”, alerta Daniel.
O que diz a Metrô BH
Procurada pelo Brasil de Fato MG, a Metrô BH informou que não irá se posicionar sobre as alegações apontadas pelos trabalhadores.
Edição: Elis Almeida