Minas Gerais

Coluna

Projeto Rondon completa 56 anos de atuação no Brasil promovendo transformações sociais

"Contribui para produzir profissionais comprometidos com a questão social " - Acervo Projeto Rondon Minas
Juventude universitária que luta por uma sociedade mais justa, mais fraterna e diversa

No dia 11 de abril, o Projeto Rondon celebra seu 56º aniversário, marcando décadas de dedicação à promoção de ações de extensão universitária no Brasil. Desde que deixou de ser um programa governamental do Ministério da Educação e Ministério da Defesa em 1989, surgiram diversas iniciativas para dar continuidade a essa importante ação social e educacional, que visa contribuir para a formação acadêmica dos estudantes e atender às demandas da sociedade brasileira.

Em 1990, a OSCIP Associação Nacional de Rondonistas foi criada em Brasília, estimulando a comunidade acadêmica das instituições de ensino superior públicas e privadas de cada estado a estabelecer sedes regionais que abrangessem seus territórios vulneráveis.

Em 2004, foram realizadas pela Associação Nacional dos Rondonistas e pela União Nacional dos Estudantes tratativas junto ao Governo Federal para o retorno das grandes “Operações Nacionais”, a exemplo do que ocorrera com o Projeto. Nesse sentido, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, determinou ao Ministério da Defesa que coordenasse as ações necessárias para o retorno das “Operações Nacionais”, contando com o apoio da Associação Nacional dos Rondonistas que autorizou o Ministério da Defesa a usar o nome original desse grande Movimento Universitário surgido em 1967.

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Estavam de volta o grande fluxo de universitários pelo Brasil e pela defesa dos direitos das comunidades mais vulneráveis do país.

Juventude universitária e comunidades

Atualmente, existem seis associações de rondonistas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Brasília, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Essas associações realizam ações em parceria com os governos estaduais, prefeituras e instituições privadas, alinhadas com a defesa dos direitos humanos e a melhoria da qualidade de vida.

É importante refletir sobre o papel do Projeto Rondon na formação dos estudantes, considerando que as ações desenvolvidas correspondem a práticas educacionais e sociais típicas da extensão universitária. Essas práticas, em interação com o ensino e a pesquisa, contribuem para a formação dos universitários.

Através da extensão, os estudantes têm a oportunidade de conhecer as realidades locais, regionais e nacionais da sociedade brasileira, principalmente aquelas em situações sociais mais críticas. Esse encontro promove a troca de conhecimentos entre a comunidade acadêmica e os diversos grupos sociais provenientes de territórios mais vulneráveis, como as periferias urbanas, comunidades rurais e ribeirinhas.

Classificamos nossa atuação coletiva como uma ação de protagonismo da juventude universitária que pode utilizar sua criatividade, aprendizado e força para desenvolver ações transformadoras para a melhoria da qualidade de vida das cidades visitadas.

Os universitários vivem um momento muito fértil de formação acadêmica e conhecimento e o encontro com realidades tão adversas é capaz de produzir também futuros profissionais mais comprometidos com a questão social de nosso país.

Processo pedagógico

Essa oportunidade de diálogo e conhecimento proporciona uma transformação no processo pedagógico, colocando o aluno e o professor como sujeitos do ato de ensinar e aprender. O aluno se torna protagonista de seu próprio aprendizado, uma vez que o contato com a realidade o incentiva a refletir sobre as situações encontradas e buscar soluções dentro de sua área de formação.

Ao enfrentar uma realidade complexa, o estudante também é levado a conhecer e absorver outras áreas de conhecimento além de sua formação, por meio do contato com outros estudantes, professores e profissionais que interagem com as comunidades fora do ambiente universitário.

Essa ampliação de conhecimentos também se alinha com a dinâmica da flexibilização curricular, tão desejada ao longo da trajetória universitária. Assim, pode-se afirmar que a extensão enriquece significativamente a formação acadêmica dos alunos.

Minas Gerais

Em Minas Gerais, a comemoração dos 18 anos da Associação do Projeto Rondon Minas reforça a missão do Projeto que é promover a imersão dos estudantes universitários na vida de comunidades vulneráveis no interior do país, ao mesmo tempo que convoca os universitários (professores e alunos) a pensar nos problemas sociais do país e nas suas soluções. Cada curso de graduação e pós-graduação, com as suas especificidades, tem uma vocação extensionista para contribuir com a transformação de nossa sociedade.

Desde o ano de 2005, o Projeto Rondon Minas já atendeu cerca de 160 cidades no Estado com a participação de 4 mil alunos.

A metodologia empregada nas ações se fundamenta nos eixos estruturantes do trabalho comunitário que orienta um trabalho voltado para o incentivo da cultural local, o desenvolvimento da comunidade a partir de um programa integrado e sustentável e a formação política da população.

O trabalho é desenvolvido através de ações socioeducativas organizadas e desenvolvidas pelas equipes multidisciplinares de alunos que, nas férias escolares, visitam as comunidades durante um período de 15 a 20 dias.

Destacam-se os seguintes projetos realizados ao longo dos 18 anos: Projeto Rondon Turismo (2006-2007), em parceria com o Ministério do Turismo e Banco do Brasil, o Projeto Rondon Travessia (2008-2009) em parceria com a SEDESE/Governo do Estado, Projeto Rondon Resíduos (2010-2013) em parceria com a Fundação Estadual de Meio Ambiente, o Projeto Rondon Direitos Humanos (2013-2016) em parceria com a Defensoria Pública da União, Projeto Rondon Local – Reassentamento Humanizado (2013-2016) em parceria com a Justiça Federal de MG e Ministério dos Transportes, Projeto Rondon Educação para a Vida (2017-2019) em parceria com a Fundação Caio Martins/FUCAM e o Programa Lixo e Cidadania (2022-2023) em parceria com a CIMOS do Ministério Público de MG.

Vida longa ao Projeto Rondon em Minas Gerais e em todo o Brasil. O Projeto segue fazendo história pelo país e potencializando as vozes da juventude universitária que luta por uma sociedade mais justa, mais fraterna e diversa.

E nesse momento de reconstrução do Brasil e de luta pela nossa democracia, chegamos ao Brasil de Fato para ampliar nossas reflexões e a nossa força!

 

Daniel Regis é presidente do Instituto Projeto Rondon Nacional

Monica Abranches é presidente do Projeto Rondon Minas

Matheus Resende é Conselheiro do Instituto Projeto Rondon Nacional

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Leia outros artigos do Projeto Rondon  em sua coluna no jornal Brasil de Fato MG

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Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

Edição: Elis Almeida