Minas Gerais

Coluna

O Brasil dos corres e da sivirologia

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"O velho caldo de cana não pode faltar. " - Foto: Tânia Rêgo/ Agência Brasil
Chego à rua mais importante da quebrada, onde cresce uma feira informal

Ah, como esse povo brasileiro se vira no dia a dia para sobreviver!

Saio na quebrada para dar uma volta e almoçar. Aproveito para colocar a resenha em dia. Os papos vão do futebol ao Lula.

Saio de uma ponta a outra na quebrada. Passo no barbeiro para saber das fofocas e dar umas risadas. Ele sabe de tudo e todos. Ele corta o cabelo dos boleiros famosos. O cara é fera, mermão!

Encontro na outra esquina uns amigos falando do Campeonato Brasileiro e do jogão de mais tarde na Champions League. Aqui todo mundo torcendo pelo bom futebol do time do Guardiola. Um mano das antigas nos lembra que ele parece muito com o velho Telê Santana.

Vou na minha peregrinação e cantarolando Paralamas e Racionais. Reparo na beleza genuína de uma mulher com seu filho. Ela é mais bonita que a garota de Ipanema.

Chego à rua mais importante da quebrada. Um grande supermercado fica nessa rua. Para meu espanto, uma feira informal vai crescendo em torno. As pessoas vão se virando do jeito que pode e dá. Tem de tudo na feira. O velho caldo de cana não pode faltar. Vejo um grande artesão com suas obras que são verdadeiras artes magníficas.

O mais engraçado é que o capitalismo do século XXI, com 5G e o escambau, faz a grande maioria das pessoas voltar para sobreviver nos séculos das trevas.

Um mano me grita:

- Aqui é gueto, Rubão! No carro dele toca um samba de raiz.

Esse povo brasileiro é maravilhoso!

 

 

Rubinho Giaquinto é músico, escritor e militante do Coletivo Solidariedade Cidadã.

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Leia outras Crônicas de Rubinho Giaquinto em sua coluna no Brasil de Fato MG!

Edição: Elis Almeida