Minas Gerais

Coluna

Vamos juntas, Brasil!

Imagem de perfil do Colunistaesd
Na austrália, houve quebra de recorde de público na primeira partida das anfitriãs - Foto: Fifa/ Twitter
Por 40 anos, o futebol feminino no Brasil foi uma prática ilegal

Já é Copa na Austrália e Nova Zelândia! O início do torneio demonstrou que o Mundial feminino será incrível, não só pela qualidade dos jogos e das jogadoras, mas pela importância simbólica que tem um grande evento como esse. Lugar de mulher é, realmente, onde ela quiser. E é impressionante como a ocupação do esporte mais popular do mundo pelas mulheres afeta a masculinidade dos inseguros de plantão.

Na estreia, a equipe do CazéTV, canal que transmite os jogos pelo YouTube, teve que desativar o chat, após inúmeros comentários machistas, que debochavam das jogadoras e do futebol feminino. Recalcados, invejosos ou mal-amados? O motivo talvez seja que, mesmo tendo mais estímulos para jogar e gostar de futebol, desde a infância, nenhum desses detratores jamais chegou aos pés da mais humilde jogadora do menor clube brasileiro.

:: Receba notícias de Minas Gerais no seu Whatsapp. Clique aqui ::

Fato é que o futebol feminino, para além do esporte, representa a conquista de direitos e a disputa de poder em uma sociedade que ainda privilegia homens brancos, heterossexuais e ricos. Para esse grupo minoritário, perceber que as mulheres estão tomando espaço é quase um sacrilégio. Por mais que sejam invisibilizadas e, muitas vezes, mal remuneradas, as jogadoras dão um show em campo.

Reparação histórica no Brasil

Na primeira divisão, ainda há jogadoras que não recebem salário

De 1941 a 1979, o futebol feminino no Brasil era uma prática ilegal. Isso mesmo, as mulheres eram proibidas de praticar o esporte! A justificativa, que levou Getúlio Vargas a assinar o Decreto 3.199, era que o futebol seria incompatível com as condições físicas das mulheres. Uma medida patriarcal, absurda, que reitera uma noção de gênero baseada na opressão das mulheres, como se a elas, tidas como frágeis e inocentes, coubessem somente as tarefas domésticas, de cuidados com os filhos e com os idosos.

A legalização do futebol feminino só aconteceu em 1983, após 40 anos na clandestinidade. Ainda assim, somente em 2019 os clubes que disputam a série A do Campeonato Brasileiro foram obrigados a manter seus times femininos. Para se ter uma ideia, na primeira divisão do Campeonato Brasileiro feminino, ainda há atletas que não recebem salário, mas só uma modesta “ajuda de custo”. A situação dos homens é muito mais confortável no esporte.

A passos lentos, porém, vamos conquistando o imaginário social e afirmando para nossas garotas que ser jogadora de futebol é mais uma das suas várias possibilidades de futuro. Torcemos pelo futebol feminino, torcemos e lutamos por uma vida mais digna e mais segura para todas as mulheres.

E que a Seleção Brasileira traga nosso primeiro título do Mundial. Boa sorte, mulheres! Estamos juntas!

 

 

Edição: Larissa Costa