Após dar novas declarações preconceituosas e com viés separatista em relação ao Nordeste do país, Romeu Zema (Novo) tem sido criticado por políticos e lideranças de todo o Brasil.
No sábado (5), em entrevista à imprensa, o bolsonarista defendeu uma atuação mais incisiva do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud), em busca de protagonismo político, e chegou a comparar os estados nordestinos com “vaquinhas que produzem pouco”.
Ao se pronunciar sobre o caso, o maranhense e ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, chamou Romeu Zema de “traidor da pátria”.
O deputado federal Rogério Correia (PT) avaliou que a postura do governador, além de xenofóbica, é carregada de desconhecimento sobre o seu próprio estado, que tem em parte de seus municípios, além da proximidade geográfica, uma série de semelhanças sociais, econômicas e culturais com cidades dos estados do Nordeste.
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“‘Minas são muitas’, cravou Guimarães Rosa! Se Zema se pusesse a ler Grandes sertão: veredas não teria o despudor de pregar o separatismo entre o Sul e o Nordeste. Mas, para um governador mineiro que nunca ouviu falar em Adélia Prado, é pedir demais. Minas não quer se separar”, disse o parlamentar, nas redes sociais.
Já a deputada estadual Leninha (PT) destacou a importância do Nordeste para a formação do país e chamou a postura de Romeu Zema de “ignorante”.
“É um ignorante, desconhece a importância do Nordeste para a formação do Brasil, do povo brasileiro, para o desenvolvimento econômico do país. Desdenha da noção de nação e propõe algo que só reforça o seu estereótipo de quem não consegue conviver com o diferente”, disse a parlamentar, que é nascida em Montes Claros, no Norte de Minas.
Margarida Salomão (PL), que é prefeita de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, comparou a postura do governador com a do Consórcio Nordeste durante a pandemia de covid-19.
“Onde estava o Consórcio do Nordeste durante a pandemia? Lutando pela compra das vacinas. Onde estava o governador de Minas durante a pandemia? Afirmando que o vírus precisava ‘viajar’ mais. De que lado a gente tem que ficar nesse tema?”, indagou, nas redes sociais.
Em nota oficial, o Consórcio Nordeste disse que Zema tem uma “leitura preocupante do Brasil” e que “indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vêm sendo penalizadas ao longo das últimas décadas”.
Não é a primeira vez
Após a repercussão negativa, Romeu Zema afirmou, nas redes sociais, que não é “contra ninguém, e sim a favor de somar esforços”. Porém, essa não foi a primeira vez que ele fez falas que foram classificadas como xenofóbicas e discriminatórias.
Ainda neste ano, em junho, o governador de Minas afirmou que no Sul e no Sudeste há mais pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial, na comparação com as outras regiões do Brasil.
“Se tem estados que podem contribuir para este país dar certo, acredito que são estes sete estados aqui. São estados onde, diferente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando, do que vivendo de auxílio emergencial”, disse.
Após a repercussão negativa, ele afirmou que “foi mal interpretado” e pediu desculpas.
R$ 300 por mês para uma empregada doméstica
Em fevereiro do ano passado, ao defender que as empresas investissem mais nas regiões do Vale do Mucuri e do Jequitinhonha, Romeu Zema disse que os municípios são tão pobres que seria possível “você oferecer um salário-mínimo ao trabalhador, haverá fila de pessoas para trabalhar para você”.
Na mesma ocasião, ele ainda afirmou que “ali você contrata uma empregada doméstica para ganhar R$ 300 por mês”.
Contra o auxílio emergencial
No auge da pandemia e do aumento da fome no Brasil, em outubro de 2021, o governador de Minas Gerais deu uma entrevista, na qual afirmou, em referência a pessoas em situação de extrema pobreza, que muitos gastariam o auxílio emergencial de R$ 600 em bares.
“Nós sabemos, infelizmente, que muitas pessoas ao receberem esse dinheiro não fazem uso adequado do mesmo, vão para o bar, para o boteco, e ali já deixam uma boa parte ou quase a totalidade do que receberam. Então, se ele [auxílio emergencial] fosse pago de forma parcelada, muito provavelmente a sua efetividade social teria sido maior”, disse Romeu Zema.
Edição: Larissa Costa