Em Minas Gerais, os funcionários da Spin Energy, empresa terceirizada que presta serviços para a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), denunciam más condições de trabalho e atraso nos pagamentos dos salários. Os trabalhadores das bases operacionais de São João del-Rei, Ponte Nova, Conselheiro Lafaiete e Ouro Preto realizaram uma greve entre os dias 8 e 14 deste mês.
A paralisação foi encerrada após o recebimento do salário referente a julho. Porém, a mobilização segue. Além da regularização dos salários, que frequentemente são pagos com atraso, eles também reivindicam o direito ao benefício do vale-alimentação, depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e a volta do plano de saúde.
Outro ponto crítico levantado pela categoria é a questão da segurança. Os trabalhadores relatam falta de equipamentos, materiais danificados e veículos da frota de automóveis em condições precárias. Além disso, muitas vezes, eles não recebem equipamentos de proteção individual (EPIs) e equipamentos de proteção coletiva (EPCs) adequados para a realização das atividades.
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Acompanhando a mobilização, o Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores da Indústria Energética de Minas Gerais (Sindieletro-MG) compartilhou com o Brasil de Fato MG alguns relatos que a entidade tem recebido dos trabalhadores.
Segundo o secretário-geral do sindicato Jefferson Leandro, a realidade dos funcionários da empresa é crítica. “Como o salário é muito baixo e existe uma pressão pela produtividade, não são todos os trabalhadores que permanecem. Isso gera uma rotatividade grande. Alguns funcionários chegam a comparar o regime de trabalho da Spin com algo análogo à escravidão”, conta Jefferson.
Lucro em primeiro lugar
O sindicato também afirma, em artigo publicado na quarta-feira (16), que a Cemig já estaria ciente da situação que os trabalhadores estão submetidos e que, neste ano, já teria sido orientada a rescindir o contrato com a Spin Energy.
“Fontes denunciam que, ao final do primeiro trimestre deste ano, a gerência local avaliou que os contratos deveriam ser rescindidos, chegaram a fazer reunião com a diretoria, mais de uma vez, apresentando a situação e propondo a rescisão e plano de ação. No entanto, a decisão foi de manter o contrato”, diz o texto.
O Sindieletro-MG ainda afirma que cobra esclarecimentos da gestão da estatal e destaca que a atuação da terceirizada faz parte do modus operandi do governo de Romeu Zema (Novo) na direção da Cemig, que prioriza o lucro, em detrimento da qualidade dos serviços.
“Essa tem sido a prática da gestão Zema na Cemig, por meio do ‘modelo de gestão privada’ e da ‘antecipação da privatização’: colocar o lucro acima dos direitos dos consumidores e dos trabalhadores, com o objetivo de precarizar a prestação de serviço, buscando adesão da opinião pública à privatização da estatal”, conclui o artigo do sindicato.
Outro lado
Procurada pela reportagem para comentar sobre o caso, a Cemig afirmou, em nota, que “que acompanha, de forma rotineira e criteriosa, todos os contratos vigentes de empresas prestadoras de serviços junto à Companhia, e fiscaliza o cumprimento das cláusulas contratuais com rigor necessário”
Já a Spin Energy, não respondeu até o fechamento desta matéria.
Edição: Larissa Costa