Ao contrário do agronegócio, o objetivo do movimento não é o lucro
O Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi chamado, nesta semana, para prestar testemunho na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que o investiga na Câmara dos Deputados. Na ocasião, o movimento, representado por João Pedro Stedile, um dos seus coordenadores nacionais, nos deu uma grande aula sobre os conflitos agrários no Brasil.
A CPI, constituída por opositores ao governo Lula, coloca em evidência a disputa que envolve grandes fazendeiros e o agronegócio, contra o interesse das classes populares e trabalhadoras. Nessa disputa, de um lado, os setores do empresariado atuam politicamente pela manutenção de seus privilégios, de suas terras improdutivas, pela manutenção da concentração da terra em poder de poucos, o que contribui para o acirramento das desigualdades no país e para o enriquecimento de poucas famílias.
No outro lado, estão todos os trabalhadores: aqueles que lutam por moradia, pelo acesso à terra e por uma vida mais digna. Ainda que o representante nessa queda de braço seja o MST, o debate transcende o movimento. Na verdade, o MST representa neste momento o povo que trabalha muito, que vive com pouco, que luta para alimentar a família e para educar seus filhos, e que sequer tem acesso a direitos básicos.
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Ou seja, mesmo que a CPI tenha como foco os conflitos rurais, o MST simboliza toda a classe trabalhadora.
Reforma agrária popular
A luta do MST visa uma sociedade melhor para todas as pessoas. Além da conquista à terra, o movimento produz (e quer produzir ainda mais) alimentos saudáveis para toda a população, para a merenda escolar, para os moradores das periferias. Ao contrário do agronegócio, o objetivo do movimento não é o lucro. E sim, acabar com a fome e melhorar a qualidade de vida das pessoas do campo e da cidade.
A luta pela reforma agrária popular é muito necessária ao país, que desde a Lei de Terras de 1850, instituiu e legitimou o fomento à desigualdade social e o favorecimento de latifundiários, que por sua vez dizimam povos originários, destroem o meio ambiente e contaminam com venenos os solos e as águas.
Assim não devemos ter dúvida sobre qual lado devemos assumir, pois afinal, somos todos e todas classe trabalhadora. Somos sem-terra, a favor de uma sociedade mais justa e igualitária para todos os povos urbanos e rurais, das águas e das florestas.
Edição: Elis Almeida