Cerca de 650 trabalhadores foram demitidos pela empresa AngloGold Ashanti devido à suspensão das atividades do complexo minerário Córrego do Sítio, na cidade de Santa Bárbara, região central de Minas Gerais, local de extração de ouro. O impacto econômico e social na cidade de cerca de 31 mil habitantes deve ser ainda maior, devido às saídas de funcionários terceirizados e perdas de empregos indiretos.
A empresa afirma que a suspensão é temporária, mas não estabelece prazo para retorno das atividades. Segundo comunicado oficial, "a unidade estava operando com resultados operacionais negativos e alto custo crescente ao longo dos últimos anos. Assim, mesmo após diversos estudos de alternativas, não houve cenário viável para a continuidade da operação neste momento".
O Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Extração do Ouro e Metais Preciosos de Santa Bárbara informou ao Brasil de Fato que acompanha a situação de perto e oferece assistência aos trabalhadores demitidos, mas preferiu não indicar representante para entrevista.
A empresa garantiu que vai manter atividades de monitoramento de segurança, controle ambiental, manutenção e conservação das estruturas, o que vai garantir a manutenção de cerca de 400 empregos. A barragem existente no local foi colocada em nível de alerta.
A interrupção das atividades da mina não tem relação com a situação da barragem, que já não é utilizada, e está em obras de descaracterização. Na prática, esse processo consiste na colocação de uma lona impermeável e reforço nas barreiras. O local não será esvaziado (quando isso acontece, o processo é chamado de descomissionamento).
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Ao Brasil de Fato, o coordenador estadual do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) em Minas Gerais, Luiz Paulo Siqueira destacou uma série de problemas ambientais e de segurança causados pela AngloGold Ashanti em Santa Bárbara, como o acionamento acidental de sirenes de emergência em cinco oportunidades. Além disso, a empresa já teve de trabalhar para conter trincas na estrutura, mas em maio deste ano elas voltaram a aparecer.
"Você cria todo um ambiente de insegurança, de caos, adoecimento mental, de medo, às comunidades que vivem abaixo da barragem. E a empresa tem tido complicações para receber a os documentos que garantem a estabilidade e a plena segurança da estrutura", pontuou.
Siqueira disse ainda que os trabalhadores e trabalhadoras foram pegos de surpresa com as demissões. O processo começou no último dia 21 (segunda-feira), quando houve comunicado de suspensão de operações por no mínimo 48 horas. Passado esse prazo, foi anunciada a suspensão por tempo indeterminado.
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"Nós estamos falando da empresa que tem cerca de 2.500 trabalhadores, sejam diretos, sejam terceirizados. Boa parte da renda do município de Santa Bárbara depende da mina: da extração de ouro, de toda arrecadação, de todos os serviços realizados pela empresa: de manutenção, de mecânica, de elétrica e também de todo o volume de capital que circula na cidade a partir do salário do conjunto dos trabalhadores", lamentou. "Vai ter um impacto econômico social enorme na cidade. É difícil calcular a dimensão".
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Fonte: Brasil de Fato
Edição: Vivian Virissimo