Minas Gerais

Coluna

Defender a autonomia universitária é defender um projeto democrático de país

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Imagem de alunos na UFMG - Foto: Reprodução/ UFMG
As universidades resistiram a todos os desmontes incutidos ao Estado brasileiro

Durante os dias 23 e 24 de agosto, coordenei a realização da Semana da Educação Superior, como vice-presidenta da Frente Parlamentar Mista da Educação, que contou com a participação de algumas das maiores lideranças do ensino superior do país. Discutimos diversos recortes do tema neste momento de reconstrução do Brasil com o governo Lula.

E reconstruir o país passa por defender a ciência, por defender a tecnologia, algo que é fundamental, inclusive, para o desenvolvimento econômico. Essa reconstrução passa também por dizermos para a nossa população, que sim, a juventude pode sonhar com sua vaga na universidade, com a conquista de um diploma e com emprego digno e de qualidade.

As universidades foram sistematicamente atacadas no último período. Não somente o que produzíamos na educação, mas também os professores e a comunidade. Vivenciamos um verdadeiro projeto de desmonte da educação, que se iniciou com o governo golpista de Michel Temer e se aprofundou com os desvarios cotidianos do governo Bolsonaro.

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Os debates da Semana da Educação Superior mostram que derrotar Bolsonaro nas urnas não foi suficiente para debelar o bolsonarismo que continua bem vivo e pronto para combater o livre pensamento e a educação.

Faz todo sentido, então, um deputado bolsonarista dizer que construir novas instituições de ensino superior serviria para produzir mais imbecis. E um outro, também alinhado a Bolsonaro, criminalizar o ambiente universitário repetindo a cartilha tosca de balbúrdia, violência e drogas, que eles tentam emplacar desde Weintraub. Faz sentido porque, de fato, esse é o projeto que eles defendem, um projeto terraplanista de destruição do Estado brasileiro em sua semente mais transformadora, a educação.

Avanços necessários

O projeto revolucionário do Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), que capilarizou as universidades e também o projeto de expansão dos institutos federais pelos diversos interiores do Brasil, produziu uma mudança profunda no país. Mas, claro, ainda há muito que se caminhar.

Precisamos, por exemplo, discutir com urgência a equidade de gênero no ensino superior. O fenômeno de exclusão de mulheres à medida que aumenta seu grau de formação, com dificuldade de acesso e continuidade na carreira acadêmica e científica, é conhecido como “efeito tesoura”, e se expressa ainda mais quando acrescentamos recortes de classe, de raça e a maternidade.

Também durante a Semana da Educação, pudemos debater essa questão junto a lideranças estudantis, reitoras, reitores, parlamentares e movimentos sociais ligados à universidade.

E é por essa necessidade constante de mudar e transformar que não paramos de fazer política. E se voltamos a falar de ensino superior no Congresso Nacional, sem ser para impor cortes absurdos, é porque as universidades resistiram a todos os desmontes incutidos ao Estado brasileiro.

É porque a comunidade universitária foi às ruas defender a educação, dialogando com a população e ocupando os espaços de resistência política. Agora, aqui no Congresso Nacional, também precisamos assegurar o apoio para que as universidades e os institutos federais possam aprofundar a transformação social que se encontra em suas essências, esse motor imparável e revolucionário.


 

Ana Pimentel é deputada federal pelo PT-MG. É médica defensora do SUS, docente no Departamento de Medicina da Universidade Federal de São João del Rei e pesquisadora da saúde coletiva.

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Este é um artigo de opinião. A visão da autora não necessariamente expressa a linha editorial do jornal.

Edição: Larissa Costa